4 junho 2020
Nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (04/06), a #PrazerVagabunda despontou como o assunto mais comentado no Twitter, no Brasil. Várias mulheres usaram a hashtag para emprestar seu rosto e levantar a sua voz contra abusos e situações cotidianas de machismo.
A BBC News Brasil rastreou o início do termo e identificou que tudo começou com a relatos de jovens da cidade de Tatuí, no interior de São Paulo, que denunciavam o machismo enfrentado em seus relacionamentos.
"Ele abusou de mim. Conseguiu tirar minha dignidade e confiança", dizia uma delas. "Ele brigava comigo por causa de nome de contato, fotos, curtidas nas redes sociais."
Relatos como este ganharam força nas redes sociais nas últimas semanas, com jovens de várias cidades pelo Brasil compartilhando experiências semelhantes. "Já tive que tirar o short porque tinha homem na minha casa, fui obrigada a trocar de calça porque demarcava", compartilhou uma usuária.
À medida que a repercussão das experiências de machismo crescia, surgiam nas redes sociais também posts e contas anônimas que acusavam as autoras dos relatos de "vagabundas" e "mentirosas".
Foi aí que, numa ligação de telefone, três amigas decidiram se apropriar do termo. Elas foram as primeiras a postar #PrazerVagabunda.
Em poucas horas, o termo viralizou no Twitter e ganhou o reforço de jovens de várias partes do Brasil.
A atriz Ana Hikari, que protagonizou temporada do seriado Malhação, na TV Globo, foi uma das que endossaram o movimento. "Se ser dona do próprio corpo e querer fazer o que EU quiser com ele significa ser vagabunda... então #prazervagabunda", tuitou.
Em 2017, uma hashtag criada por mulheres para denunciar abusos que foram obrigadas a enfrentar viralizou em todo mundo. A #MeToo reuniu milhares de relatos de agressões e abusos sexuais depois das alegações de estupro contra o poderoso produtor cinematográfico americano Harvey Weinstein.
Weinstein, um dos mais poderosos nomes de Hollywood, foi acusado de estupro e agressão sexual por mais de duas dezenas de mulheres - incluindo as atrizes Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Rose McGowan.
Ele foi condenado a 23 anos de prisão em março deste ano.
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