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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Bolsa-Família: mulheres sofrem preconceito no mercado de trabalho

É o que aponta um estudo publicado recentemente pela Organização Internacional do Trabalho. Por receber o benefício, elas são vistas como propensas à preguiça
     
MULHERES QUE RECEBEM O BOLSA-FAMÍLIA
ENFRENTAM MAIS PROBLEMAS PARA ARRANJAR EMPREGO
(FOTO: LEO CALDAS / EDITORA GLOBO)
As políticas de inclusão social do governo Lula e, recentemente, da gestão Dilma elegeram, desde sempre, um foco claro. Para diminuir a desigualdade e combater a pobreza extrema, os programas sociais têm como alvo as mulheres. Empoderá-las seria o caminho para tirar a família toda do abismo econômico. Já falei dos efeitos anti-machismos e pró-emancipação feminina trazidos pelo fato de serem elas as titulares do cartão que permite sacar o dinheiro do Bolsa-Família. O programa Minha Casa, Minha Vida, que basicamente pretende promover o acesso à moradia própria, segue na mesma linha adotada pelo Bolsa-Família. As casas financiadas pelo programa são registradas em nome da mãe de família. Em caso de separação do casal, 100% do imóvel pertencerá à mulher (enquanto que os processos de separação convencionais implicam a divisão dos bens igualmente entre os cônjuges).

Parece um avanço inquestionável, sobretudo em um país com tradição patriarcal e machista. No entanto, um estudo publicado no último dia 11, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), desafia os benefícios desta política para as mulheres. No relatório, intitulado “Tendências Mundiais de Emprego das Mulheres 2012”, os pesquisadores afirmam que por serem supostamente “privilegiadas” pelos programas sociais, elas acabam sendo preteridas pelos empregadores. O benefício reforçaria os velhos preconceitos e estereótipos de gênero: o homem visto como o provedor a partir de um trabalho remunerado, e a mulher, dependente de renda alheia. De acordo com o estudo, tanto no Brasil, quanto no México, onde o programa Oportunidade, nos moldes do Bolsa-Família, alcança cinco milhões de famílias, as mulheres são vistas como pessoas menos afeitas ao trabalho, desencorajadas de encarar suas jornadas, já que possuem “garantias” de sobrevivência “dadas” pelo governo. Embora estudos já tenham mostrado que o “efeito preguiça”, como foi chamado o suposto desestímulo que os beneficiários teriam de buscar um trabalho remunerado, não acontece na prática, ele continua operante no imaginário da sociedade e prejudica justamente aqueles (ou aquelas) que estão mais vulneráveis.

A questão se torna ainda mais dramática porque desde 2008, a diferença entre o número de mulheres e de homens empregados têm aumentado, com ampla vantagem para eles. A crise econômica é ainda mais cruel com elas. Ainda assim, a OIT defende a permanência dos programas nos moldes atuais, porque eles diminuem a diferença de escolaridade entre meninos e meninas das novas gerações. No futuro, espera-se que essas garotas tenham mais sorte do que suas mães no mercado de trabalho. A OIT sugere ainda que os países façam campanhas educativas para tentar diminuir o preconceito e o machismo. Aposto que Dilma seria apedrejada se usasse verba pública para isso. Afinal de contas, no Brasil não há nem machismo, nem racismo.

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