Contribua com o SOS Ação Mulher e Família na prevenção e no enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar

Banco Santander (033)

Agência 0632 / Conta Corrente 13000863-4

CNPJ 54.153.846/0001-90

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012


Crianças vítimas da fatalidade e da violência gratuita viram notícia, porque mesmo?

Por: 
Thelma Alves de Oliveira

Semana cheia de desgraças infantis: dois irmãos morrem afogados na piscina de casa; um garoto perde a vida ao acender a árvore de Natal; filho de dois anos ao abraçar o pai policial acidentalmente foi baleado. Fatalidade, tragédia, imprevisibilidade, falta de cuidado, dor profunda das famílias, precisa mais? Para que criar mais dor e vergonha pública? O que uma notícia dessas agrega para a vida das pessoas? Saber que a desgraça existe nem é mais preciso. Quantas famílias tem piscina em casa? Quais os outros acidentes prováveis, como evitá-los? O que tem nestes fatos que viram notícia, enquanto milhares de crianças são vítimas cotidianas de maus tratos, abandono e violência.
Na mesma toada aparece uma mãe adolescente de 17 anos dando vinho na mamadeira de seu filho de 9 meses, porque ele chorava demais. Despreparo sem dúvida. Mas as notícias ganham o mesmo formato. Afinal é só descrever o fato. 

Enquanto isso explode a notícia nos Estados Unidos de mais um episódio trágico numa escola onde há prováveis 27 pessoas mortas entre funcionários, o próprio maluco e ainda 18 crianças indefesas que estavam na hora certa, no lugar certo para estar, ou seja, em sua escola. Fatalidade? Despreparo?

O que choca mais? os acontecimentos que parecem aleatórios, ou a forma com que os veículos de comunicação os transformam em notícia? Qualquer abordagem nestas circunstâncias só faz sentido se vier com uma “bula” de como preveni-los do contrário é só espetáculo. 

Alguém sabe quantas crianças são violentadas por dia, dentro ou fora de sua casa? Quantas estão sendo salvas nos hospitais neste exato momento? Quantos acidentes foram evitados? Em algum lugar conhecido pela população existe a informação disponível sobre os riscos na infância e como preveni-los, evitá-los ou minimizá-los? Enfim, como proteger melhor?  Isso lá interessa alguém, vende matéria? 

A sociedade do pânico vem ganhando estourado. Dia a dia o medo se espalha e a imobilidade frente aos fatos que atingem as crianças se instala. 

Que bom seria se as famílias que não sabem, ou não podem, aprendessem a proteger seus filhos, e que acidentes fossem tratados diferentemente da negligência.  Que bom seria se as escolas além de ensinar as disciplinas e conteúdos curriculares pudessem preparar as crianças para o autocuidado. Igualmente que bom seria se a TV, jornais, rádios e revistas aprendessem mais com as notícias e cumprissem seu papel “educativo” para uma sociedade mais segura e mais protetora. 

Assistir a tudo isso é constrangedor. Participar silenciosamente como se fôssemos de alguma forma também culpados pelo que acontece é muito incômodo. Portanto, falar é preciso. Indignar-se, necessário. Agir mais ainda. Sei que não devemos ser mais uma vez ouvintes de histórias e histórias como essas sem que nada mude neste cenário. Quem sabe começar pela forma de descrevê-los e abordá-los? 

Nenhum comentário:

Postar um comentário