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domingo, 9 de dezembro de 2012


Jovens são ativistas da paz e do pluralismo no Paquistão

POR MARIANA FONSECA

Na maior província do Paquistão, o Balaquistão, jovens estão estudando para se tornarem ativistas da paz e do pluralismo. Para eles, o conhecimento é fundamental para fugir da manipulação política e militar de grupos extremistas e também é uma forma de abrir novas possibilidades para transformar suas comunidades locais. A ONG Cyaad (College of Youth Activism and Development, escola do ativismo e desenvolvimento juvenil, em livre tradução), lançada em 2008, impacta anualmente pelo menos 600 jovens de regiões vulneráveis com idade entre 15 e 22 anos.

“A província falha em todos os indicadores socioeconômicos. Falta educação, saúde, tudo. Sem contar os desafios impostos pelas insurgências, pelas militâncias contra o Estado e ainda há influência de grupos terroristas de países vizinhos”, afirma o criador da ONG, Raziq Fahim. O paquistanês decidiu criar o Cyadd depois de acompanhar de perto a dinâmica social e o contexto político e religioso que impactava as comunidades locais. “Conheci jovens que se preparavam para se explodir no Afeganistão e entendi o fenômeno e a posição sensível em que estavam.”

dutourdumonde / Fotolia
Fahim entendeu que deveria oferecer uma segunda opção a esses jovens, voltada para a paz, antes que o terrorismo os aliciasse. Ele então começou a organizar um curso voltado a desenvolver em 100 rapazes e moças o espírito de liderança e torná-los engajados “positivamente” com suas comunidades por meio de aulas de quatro grandes áreas: autoconhecimento, diálogo intercultural, liderança e projetos de impacto social. “Primeiro, eles aprendem a dinâmica interna e externa na qual eles vivem, o que lhes permite evitar serem manipulados. Eles entendem que a identidade é algo que muda de acordo com o contexto, tempo e o local. E, assim, começam também a aceitar e a respeitar os diferentes. Depois, trabalhamos habilidades que podem ajudá-los a impactar positivamente suas comunidades.”

Após o treinamento intensivo, esses jovens voltam às suas localidades para a segunda etapa do processo. Eles têm, neste momento, a missão de recrutar outros cinco jovens para começarem uma etapa do curso voltada para educação peer to peer, entre pares, criando um círculo virtuoso e evitando que outras pessoas acabem engrossando as filas do terrorismo. Os jovens que receberam o treinamento repassam o conhecimento aos novos estudantes, preparando aulas com temas que vão de alimentação saudável, segurança, AIDS até liderança e autoconhecimento. “Nós damos suporte aos jovens, mas são eles que passam o conhecimento.”

Na terceira e última etapa do curso, os agora 600 jovens líderes precisam colocar a mão na massa. Sob a orientação do Cyaad, eles precisam desenhar, planejar, arrecadar  e implementar um projeto social em suas comunidades. “Vale tudo, trabalhos mais simbólicos ou mais concretos. Eles podem montar um centro de voluntariado, criar um movimento para levar conscientização sobre as questões trabalhadas no curso ou iniciar campanhas nas mídias digitais.”

Divulgação

Ao longo dessas três etapas, que duram um ano, paralelamente aos estudos, todos os jovens precisam escrever um diário onde narram seus desafios e suas experiências. “Ensinamos esses estudantes a documentar a sua história e a compartilhá-la com outros jovens do Reino Unido, Oriente Médio, Estados Unidos, Índia, Indonésia etc. Usamos as plataformas digitais para que eles comecem a dialogar com jovens de outras culturas, um processo de construção importante para eles”, afirma Fahim, que também quer que seus estudantes participem mais ativamente de discussões globais. “Estamos oferecendo para esses jovens uma educação que não está no currículo das escolas, aprendendo habilidades como lidar com o conflito, com o diferente, com o engajamento positivo e a se tornarem cidadãos do mundo.”

E, em algumas regiões, os alunos também recebem, ao fim do cursos, uma capacitação profissional e são encaminhados para estágios ou incentivados a empreender, criando seus próprios negócios.

Com o passar do tempo, o Cyaad ampliou sua atuação e hoje oferece formação para jovens de cinco cidades do país. Em seu trabalho, Fahim se tornou próximo ao pai de Malala Yousafzai, a jovem de 14 anos que sofreu um atentado em outubro por seu ativismo em prol da educação e contra o domínio dos extremistas. Ambos compartilham os esforços na luta pela paz no país. “O impacto que temos visto é o crescente engajamento desses jovens na comunidade, na luta pela paz e também na interação com as questões do governo e da sociedade civil, com as tomadas de decisão. Quando eles se tornam empreendedores locais, a forma como a comunidade e a sua família os veem muda. Até mesmo a forma como o governo os percebe muda”, diz.

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