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sábado, 1 de novembro de 2014

Treinamento de atriz e artes marciais seguraram choro de mulher no viral do assédio



31 outubro 2014
As habilidades de atriz e a prática de artes marciais ajudaram a atriz Shoshana Roberts a segurar o choro enquanto escutava assédios constantes durante dez horas de caminhada pelas ruas de Nova York.
O vídeo que mostra Shoshana, de 24 anos, caminhando pelas ruas de calça jeans e blusa preta e ouvindo comentários de vários homens viralizou e já foi visto mais de 22 milhões de vezes no YouTube.
Os homens disseram coisas como "E aí, coisa linda?", "Que Deus te abençoe" e "Caramba".
"Quis chorar, mas usei minhas habilidades de atriz e consegui manter a compostura", conta.

Tensão

No momento mais tenso do vídeo, em que um homem se aproxima dela e caminha ao seu lado por 5 minutos, ela conta que se sentiu intimidada. Apesar de saber que a equipe de filmagem estava ao redor, o que fez com que continuasse foi a experiência com artes marciais, que pratica desde os 9 anos.
"Pensava: 'Posso dar um golpe no tórax ou no joelho dele, se precisar'", afirma.
O vídeo foi filmado com uma minicâmera oculta na mochila do diretor Rob Fliss, que caminhava a poucos metros da atriz.
Bliss contou que eles fizeram dez horas de filmagens, registradas ao longo de dois a três dias, em que a dupla caminhou cerca de quarenta quilômetros por Nova York.
Durante esse período, ela foi alvo de mais de cem comentários e cantadas.

'Dia normal'

Segundo a atriz, a reação não foi nada atípica. "É um dia normal na minha vida. Aconteceu comigo, mas poderia ter sido com qualquer uma. Muitas mulheres podem contar a mesma história".
Ela afirma, no entanto, que não escutou grande parte dos comentários. "Os microfones captaram muitas coisas que eu nem ouvi."
O vídeo, editado, mostra dois minutos com a atriz andando e comentários sendo feitos.
Em entrevista à BBC Brasil, Rob Bliss, que dirige o que chama de uma agência especializada em vídeos virais, afirmou que "queria apenas mostrar como era o assédio contra as mulheres nas ruas".
"Mas, para mim, foi surpreendente o que aconteceu. Esperava que fôssemos ouvir umas cinco reações."

Ameaças

Segundo a fundadora e diretora-executiva da ONG Hollaback!, Emily May, co-produtora do vídeo, ele tem dois objetivos: mostrar às vítimas de assédio que elas não estão sozinhas e mostrar àqueles que nunca passaram por este tipo de assédio o quão intimidante isso pode ser.
Na terça-feira, a Hollaback! denunciou que entre os comentários feitos no vídeo havia ameaças de estupro contra Roberts.
Críticos do clipe, no entanto, ressaltaram que alguns comentários, como "Bom dia", parecem inofensivos. Outros ainda reclamaram de que, entre os homens que aparecem no vídeo, há poucos brancos e uma maioria de negros e latinos.

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