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sábado, 20 de fevereiro de 2016

Por que mulher recebe menos que homem ao vender o mesmo produto na internet?

Estudo mostra que mulheres recebem menos ofertas e conseguem um preço final menor do que homens no site de leilões eBay

PAULA SOPRANA
19/02/2016 
Um estudo publicado nesta sexta-feira (19), na Science Advances, é o primeiro a analisar o comportamento de homens e mulheres como vendedores e compradores a partir de dados do mercado. O artigo "Quantos centavos de dólar? Mulheres e homens em produtos do mercado", escrito pelas pesquisadoras Tamar Kricheli-Katz e and Tali Regev, analisou mais de 1,1 milhão de transações americanas no site de compras e vendas eBay, de 2009 a 2012, e concluiu: mulheres obtêm um número inferior de lances e conseguem um preço final menor do que os homens nos mesmos produtos vendidos em leilões. Na média, mulheres receberam cerca de 80 centavos por cada dólar recebido por um homem no comércio de um produto idêntico.
O estudo se apropriou de 420 produtos mais populares das categorias do site, que vão de antiguidades e arte a esportes e video-games. A análise mostra que, mesmo sem a informação explícita do gênero, os compradores conseguem identificar o sexo do vendedor – seja por meio do nome (ou apelido) ou pelo histórico de vendas do usuário. Isso, segundo as autoras, influencia diretamente no consumo. Para ilustrar, 400 pessoas foram convidadas a avaliar 2 mil perfis do eBay. Os participantes acertaram o sexo em 1.127 dos casos, erraram em 170 e não souberam responder no restante.
Além da desvantagem na hora da venda, mulheres tendem a pagar mais pelos produtos que adquirem e têm mais aversão ao risco do que os homens. Esses dados abrem precedente para a pergunta: a negociação das mulheres é ineficaz em relação à dos homens? Apesar de estudos consolidados a respeito da questão de gênero no mercado de trabalho (como a disparidade de salários em cargos de chefia, por exemplo), pouco se sabe sobre o comportamento do gênero na compra e venda de produtos.
Conclusão: é preconceito
O estudo conclui que a diferença de preços está muito mais relacionada a crenças a respeito do gênero do vendedor do que, de fato, sobre sua habilidade de negociação. Outras pesquisas já embasam esse fundamento. Uma delas resultou no famoso "paradigma Goldberg". O estudo americano, de 1968, dá a diferentes grupos de participantes um mesmo discurso. Para um, informa que foi escrito por uma mulher; para outro, por um homem. Em todos os países em que o teste foi aplicado, o texto "escrito pelo homem" foi melhor avaliado.
Outra evidência, também já amparada em pesquisas, mostra que a atribuição de valores que as pessoas dão a objetos reflete o quanto elas podem pagar pelos seus. Como no mercado de trabalho o papel das mulheres ainda tende a ser culturalmente desvalorizado, com remunerações mais baixas (segundo a ONU, numa média global, o sexo feminino ganha o equivalente a 77% do salário masculino), isso reflete nos preços de produtos vendidos ou comprados por elas. Apesar de só analisar o comércio online, o estudo do eBay pode servir de referência para outros mercados dos Estados Unidos, segundo as autoras.
"Atribuímos a diferença de preços à habilidade de os compradores discernirem o gênero do comprador. Apresentamos resultados de um experimento que mostram que as pessoas identificam o gênero dos vendedores nas informações básicas providas nas postagens. Complementamos a análise ao mostrar que, em um ambiente controlado, as pessoas estão dispostas a pagar menos por um cartão de presente quando eles são vendidos por mulheres em vez de homens", diz a pesquisa.
As autoras suspeitam que as divergências sejam ainda mais relevantes em ambientes cuja informação sobre o gênero é explícita ou disponível. "Isso não é uma surpresa. Junto com a raça e a idade, gênero é a categoria primária de diferenciação nos Estados Unidos. Isso mostra que, automaticamente, as pessoas categorizam quem elas encontram e, intuitivamente, dependem dessas categorias para perceber e avaliar os outros", concluem.

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