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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

A primeira geóloga a mapear o fundo do oceano ouviu que sua teoria era ‘papo de garota’

21 de fevereiro de 2017

Saiu no site NEXO:
Marie Tharp apostou que seus mapas falariam por si só, já que os cientistas da época duvidavam de sua palavra
Durante mais da metade do século 20, a maioria das mulheres foi excluída das carreiras científicas. As que chegavam a ter um diploma, mantinham-se em posições consideradas inferiores, como assistentes de pesquisa. Para outras, o espaço era inatingível. De acordo com o livro “Women of Science”, as mulheres representavam cerca de 4% dos cientistas no mundo entre os anos de 1920 e 1970.
Marie Tharp foi a primeira geóloga e cartógrafa oceanográfica a mapear o fundo do oceano em 1948 e, posteriormente, a criar a teoria das Placas Tectônicas com o oceanógrafo Bruce Heezen. O trabalho foi um dos primeiros a provar que a teoria da Deriva Continental, formulada em 1912 pelo meteorologista alemão Alfred Lothar Wegener, estava correta.
Lothar havia sido ridicularizado pela comunidade científica quando sugeriu que todos os continentes, há milhares de anos, teriam formado uma grande massa de terra, à qual ele deu o nome de Pangeia (Terra única, em grego).
Em seus estudos, Marie Tharp e Bruce Heezen mostraram que a separação dos continentes aconteceu graças ao movimento das placas tectônicas e que o meteorologista alemão estava correto.
Animação de Rosanna Wan para o Instituto Royal
Como Marie Tharp fez sua descoberta
Tharp nasceu em 1920 em Michigan, nos EUA. Durante a infância acompanhou as viagens de seu pai, um topógrafo que trabalhava para o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, coletando amostras de solo para seu trabalho. A convivência despertou o interesse por geologia e, mais adiante, por cartografia.
No período da Segunda Guerra Mundial, com a maioria dos homens deixando seus postos para ir lutar na guerra, mulheres tiveram a chance de ocupar esses espaços. Foi assim que Marie Tharp entrou no programa de mestrado em geologia na Universidade de Michigan.
Em 1948, ela se tornou assistente de pesquisa na Universidade de Columbia e ali conheceu o oceanógrafo Bruce Heezen, com quem teve uma parceria que duraria toda sua vida.
Enquanto trabalhavam juntos, Tharp ficava no laboratório da universidade catalogando as amostras que Heezen coletava. Na época, mulheres eram proibidas de realizar trabalho de campo, porque acreditava-se que elas poderiam trazer má sorte.
Durante os 5 anos da expedição que Heezen ficou em campo, Tharp fez cálculos e transformou os dados que recebeu em desenhos, demarcando as fissuras e cicatrizes presentes no fundo do oceano.
Diferentemente das teorias anteriores de que o fundo do oceano era uma superfície lisa e intacta, ela descobriu que sua geologia era na verdade bastante complexa. Com vales, montanhas e cicatrizes em toda sua superfície.
A descoberta parecia comprovar a teoria de que a terra era mesmo formada por um único continente. A confirmação, no entanto, suscitou a suspeita de seu colega de trabalho. A teoria da Pangeia era vista com desconfiança pela comunidade científica à época. O próprio Heezen chamou o achado de Tharp de “papo de garota”.
“Quando eu mostrei o que achei para Bruce, ele gemeu e disse ‘Não pode ser isso. Parece muito com a teoria da Deriva Continental’. E bem, naquele tempo, acreditar nessa teoria era considerado uma heresia científica. Quase todo mundo nos Estados Unidos pensava que essa teoria era impossível. E Bruce inicialmente recusou minha interpretação e disse que era ‘papo de garota.’”
Marie Tharp em seu livro “Ligue os pontos: Mapeando o fundo do mar e descobrindo o meio do oceano” (Connect the Dots: Mapping the Seafloor and Discovering the Mid-ocean Ridge, em inglês)
A confirmação da teoria
Depois de apresentar os resultados de seus estudos, em 1957, a comunidade científica duvidou dos achados de Tharp e Bruce. O alvoroço foi tamanho que um famoso oceanógrafo, Jacques Cousteau, fez outra expedição ao fundo do mar para provar que a dupla estava errada.
Ele usou seu submarino para buscar provas, porém, o que encontrou apenas serviu para reforçar a teoria das Placas Tectônicas. Tharp e Bruce estavam certos.
“Eu estava tão ocupada fazendo os mapas que apenas deixava eles [os cientistas] brigando”, escreveu ela posteriormente. Tharp acreditava que seus mapas falariam por si só, já que os cientistas duvidavam de sua palavra.
Durante os anos 60 a teoria das Placas Tectônicas passou a ser aceita, porém, só depois de ser formulada por outros cientistas.
Tharp morreu em 2006. Antes disso, teve a oportunidade de ver seu trabalho tardiamente reconhecido. Ela recebeu no ano de 1997 uma honraria da Biblioteca de pesquisa do Congresso dos Estados Unidos. Além de ter sido nomeada uma entre os quatro maiores cartógrafos do século 20.
A Universidade de Columbia, onde Tharp realizou seu trabalho, concede uma bolsa de estudos para outras mulheres cientistas que leva o seu nome, “The Marie Tharp Fellowship”.
E em 2009, três anos após a morte de Tharp, o Google Earth incorporou o mapa de Tharp e Bruce em sua ferramenta para as pessoas vasculharem o fundo do oceano.

Justiça de Saia

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