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sábado, 25 de fevereiro de 2017

Por que a fome emocional é tão difícil de resolver

POR LUCIANAKOTAKA
05/02/2017

Identificar o sentimento por trás da fome emocional é um dos aspectos importantes para não usar a comida como conforto

A vida inicia-se assim, nascemos e a primeira coisa que fazem é nos colocar para mamar em nossa mãe. O leite sai na temperatura certa, quentinho, gostoso e relaxamos e logo pegamos no sono, felizes.

Mas é claro que você não se lembra, basta visitar um recém-nascido para entender o que estou falando. Desde bebês já ocorre uma ligação entre a comida, afeto, conforto e relaxamento, então como é que hoje adultos conseguimos desvincular a comida da fome emocional?

Vamos crescendo e quando damos uma choradinha ganhamos o quê? Leite. E apesar dos anos que vão se passando a comida entra como forma de conforto, alegria e também pode servir até para nos manter ocupados enquanto os nossos pais estão entretidos em alguma atividade.

Também há memórias do bolo da vovó, o pastel da titia, o macarrão da mamãe e reuniões de família em que podemos vincular a alegria, ou até a falta da mesma, com a alimentação.

Nesses anos todos trabalhando com a obesidade, tenho ouvido as mais diversas histórias envolvendo a alimentação e garanto que precisamos enxergar a comida na vida das pessoas sobre várias perspectivas. Nem se eu quisesse seria possível discorrer sobre todas as formas possíveis da comida ter uma ligação afetiva para as pessoas e nem os porquês.

Para quem não exagera nunca na alimentação ou mesmo só come porque é necessário, pode ser difícil entender essa relação emocional com a comida, porém é importante compreender que podem haver diversas situações que levam as pessoas a usar a comida como bengala, como forma de sentir o mesmo conforto que se sentia lá atrás quando éramos bebês.

A boa notícia é que não há motivo algum para querer romper esse vínculo tão antigo e que está carregado de memórias de afetividade, mesmo que inconscientes. Só é preciso entender e aprender a lidar de forma mais assertiva com situações que ocorrem em sua vida, para que desta forma possa dar espaço para resolver o que  incomoda sem usar a comida.

Você vai poder sim comer um bolo que te remete à segurança e ao afeto da infância, comer o macarrão da mãe quando for visitá-la, mas é necessário compreender que nos momentos que a tristeza bater que o bolo da vovó e o macarrão de sua mãe não resolverão o seu problema. Talvez momentaneamente se sinta mais feliz, tranquilo, mas serão apenas por alguns segundos e na sequência vai ter que encarar o que não está bem em sua vida.

É importante que se aprenda a identificar sentimentos, vivê-los, encará-los, assim irá poder experimentar cada emoção, cada sentimento, dor, estresse da forma mais adequada para cada situação. Está cansada? Precisa arrumar tempo para recuperar as energias. Está triste? Dê espaço para sentir, viver esse sentimento e chorar. Está com raiva? Pense no que precisa fazer para resolver essa raiva que te corrói por dentro, mas acredite meu amigo, comer não resolverá a sua vida.

É melhor viver com as lembranças de um bom pedaço de bolo e comer quando estiver bem, do que se empanturrar de comida quando na verdade precisa encarar a sua vida de frente.

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