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sábado, 18 de fevereiro de 2017

Denis Mukwege lança obra sobre indiferença à violência sexual contra a mulher

"Traçamos linhas vermelhas contra o uso de armas químicas, biológicas e nucleares. Hoje, devemos traçar uma linha vermelha contra o estupro como arma de guerra", diz o médico Denis Mukwege, em entrevista à agência de notícias France Presse.
Ginecologista e cirurgião, Mukwege fundou um hospital em Panzi, na República Democrática do Congo, em 1999, para atender mulheres estupradas nos conflitos que assolam o leste do país há mais de 20 anos.
Conhecido como "o homem que cura as mulheres" [ L'homme qui répare les femmes], título do documentário mundialmente premiado sobre seu trabalho, Denis Mukwege presencia de perto o que chama "abismos de horror".
Violações metódicas, tiros nos genitais, introdução de objetos e armas. Mulheres de povoações inteiras são violadas numa só noite, conta o médico.
"Nas zonas em conflito, as batalhas são travadas nos corpos das mulheres", explica. "Quando se desencadeia uma guerra, não há fé, nem lei. Quem sofre são as mulheres e as crianças", comenta. 
Nos últimos meses, Mukwege reuniu suas lembranças em um livro - as mais felizes, mas também as tristes, muitas marcadas pelos conflitos armados. A obra, Plaidoyer pour la vie, ("Apelo à vida", em tradução livre), foi escrito para falar sobre o seu país, onde "ninguém se preocupa com as mulheres".
A violação tornou-se um câncer
Inicialmente, o hospital da Panzi recebia mais de dez mulheres por dia, mas, com "a redução das zonas de conflito" esse número diminuiu. Agora, o que o preocupa é a chegada cada vez mais regular de um número crescente de crianças com menos de cinco anos vítimas de violência. "As vítimas já não vêm só de zonas de conflito, mas também de áreas consideradas tranquilas", relata. O estupro "propagou-se" na sociedade como um câncer. "É a consequência da indiferença geral", avalia.
Mas, "se unirmos as nossas forças", podemos criar "uma linha vermelha", denunciando a situação das mulheres sírias "violadas nas prisões", ou das "yazidis vendidas" na Internet, denuncia o médico.
Nos últimos anos, Mukwege ampliou sua luta para instâncias internacionais e recebeu vários reconhecimentos, como o Prêmio Sakharov em 2014. No seu país, a atenção internacional não é vista com bons olhos. Sob ameaça, escapou da morte em várias ocasiões e vive com proteção permanente.
O médico, que consta na lista das pessoas mais influentes de 2016 da revista Time, foi conferencista do Fronteiras do Pensamento 2010. Na fala, intitulada Direitos humanos e democracia na era globalizada, expôs os dilemas de um continente dividido entre a tradição e o progresso. Assista à conferência abaixo.

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