Charimaya Tamang passou dois anos em um bordel em Mumbai, onde foi estuprada e espancada, até ser resgatada pela polícia. Livre, fundou a ONG Shakti Samuha, que combate o tráfico sexual no Nepal
24.02.2017 | POR REDAÇÃO MARIE CLAIRE
A nepalesa Charimaya Tamang tinha 16 anos cortava e grama na sua aldeia, ao norte do Vale de Katmandu, quando quatro homens a surpreenderam e derramaram um líquido na sua boca. Ela desmaiou. Acordou em uma sala, com várias cadeiras vazias. Estava em frente a um espelho, mas quando viu sua própria imagem, não se reconheceu. Haviam cortado seu cabelo, trocado sua roupa e feito uma maquiagem. Um homem se aproximou, perguntou se ela estava com sede, e ofereceu a mesma bebida que a fez desmaiar. Quando acordou novamente, estava em Mumbai, na Índia.
Esse foi o início do sequestro que levou a jovem a trabalhar como escrava sexual na Índia. Charimaya contou sua história a Marie Claire Espanha, aos 42 anos, na sede da ONG que fundou para combater o tráfico de nepalesas, em Katmandu, capital do país. Ela conta que ficou dois anos presa em um prostíbulo na cidade, onde foi estuprada, abusada e espancada por clientes e pelo proprietário do local. Em 1996, a polícia estourou o bordel e a libertou.
A Comissão de Direitos Humanos do Nepal estima que, entre 2013 e 2014, houve 29 mil tentativas de sequestro de meninas e mulheres no país. Desse total, 13 mil foram consumados. Especialistas acreditam que a situação se tornou ainda mais grave nos últimos meses, depois que um terremoto assolou o país e deixou ainda mais vulnerável comunidades que viviam na pobreza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário