porPublicado: 03/04/2017
Palestrante no evento “Elas por Elas”, realizado nesta sexta-feira e sábado (31/03 e 01/04), no Rio de Janeiro/RJ, a Ministra dos Direitos Humanos, Desembargadora Luislinda Valois, abordou o tema “Preconceito em dose dupla: mulheres e negras”. Na mesa, composta no sábado, também estiveram presentes a ex-consulesa da França em São Paulo, Alexandra Loras; Nathalia Santos, youtuber; a atriz Taís Araújo; a cantora Iza; e a mediadora Flavia Oliveira, jornalista do O Globo.
Entre as pautas abordadas, as dificuldades de acesso ao mercado de trabalho e crescimento profissional, empreendedorismo negro e possibilidades proporcionadas pelas cotas.
“Hoje alguém me perguntou porque os tribunais não têm mulheres negras. Infelizmente, nós não temos por hábito virmos negras ocupando espaços de poder. Eu acredito que a suntuosidade dos prédios nos afasta deles. É muito difícil entrar ali. Hoje para mim é fácil, mas, outrora, quando eu ia entrando eu via os entreolhares”, afirmou a ministra e desembargadora. “Nós continuamos na senzala, sendo julgadas pelos não negros”, disse.
Na ocasião, Luislinda ressaltou a importância das políticas que visam corrigir desigualdades raciais acumuladas ao longo de anos, as chamadas ações afirmativas. As cotas raciais se enquadram neste item.
Segundo a ministra, é essencial que sejam incluídas cotas nas bancas de verificação e nas comissões dos concursos, além do quinto constitucional. “Eu encaminhei aos órgãos competentes propostas para que a negra e o negro possam integrar espaços de poder, como ocupar cargos de ministros dos Tribunais Superiores, por exemplo”, afirmou.
Área diplomática
Neste contexto, a ministra citou edital referente à Bolsa-Prêmio de Vocação para a Diplomacia, destinada a afro-brasileiros. No total, serão concedidas 20 bolsas de estudo a candidatos pretos e pardos a fim de que possam custear os estudos preparatórios para a carreira diplomática. Os interessados em receber o valor de R$ 30 mil terão de realizar provas objetivas, passar por entrevistas e apresentar um plano de estudos.
As bolsas integram o Programa de Ação Afirmativa (PAA), criado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio do Instituto Rio Branco (IRBr). A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), do Ministério dos Direitos Humanos (MDH), é parceira na iniciativa. O objetivo é ampliar as condições de ingresso de brasileiros negros na carreira de diplomata e, com isso, proporcionar a diversidade étnica do Serviço Exterior Brasileiro.
Personalidades
Durante o evento, a mediadora Flavia Oliveira, jornalista do O Globo, chamou a atenção para o racismo e sexismo que persistem na sociedade. “Ainda somos reféns de uma representação muito limitada dos nossos papéis, que não faz jus a uma sociedade que está em transformação”, disse.
Para a atriz Taís Araújo, ainda não alcançamos índices de representatividade e visibilidade satisfatórios no que se refere aos afro-brasileiros. “Faltam criadores, escritores e diretores negros para que a nossa história seja contada por nós, e não pelos brancos”, ressaltou.
Elas por Elas
Com entrada gratuita, o evento também reuniu representantes do jornal O Globo e das revistas Crescer, Galileu, Glamour, Marie Claire, Época, Pequenas Empresas & Grandes Negócios e Vogue. Os dois dias de bate-papos e palestras tiveram por objetivo inspirar, aprender e discutir os desafios que precisam ser encarados para tornar a igualdade de gênero uma realidade em um futuro próximo.
“Autoridades, especialistas, ativistas, empresárias, representantes da Organização das Nações Unidas e mais um time amplo e representativo vão ajudar a traçar um panorama das conquistas femininas na última década e apontar para onde devemos seguir”, destacam as organizadoras.
Alguns dos tópicos discutidos foram “Mulheres na Liderança”, “Empreendedorismo”, “Violência doméstica” e as “Novas Perspectivas da Moda, Beleza e Gênero no século 21”.
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