Batizada de Beituki (sua casa, em árabe), o grupo terrorista Al Qaeda acaba de lançar uma revista feminina para as esposas de seus integrantes. A revista - que é publicada pelo braço midiático da Al Qaeda - já está em sua terceira edição e aborda temas que vão desde como lidar com dores nas costas até dicas para cuidarem de seus maridos extremistas. "Você pode imaginar quanto derramamento de sangue e quantos ossos ele vê todos os dias? Suas reclamações só incrementam o estresse", sugere a revista.
Essa não é a primeira revista feminina de uma facção terrorista. Em 2017, o Taliban lançou a Sunnat-i-Khaula, que incentiva as paquistanesas a pegarem em armas e a se unir à milícias. A Beituki, no entanto, tem uma abordagem diferente e chama as mulheres a ficarem em casa e cuidarem do lar, com fotos e notas sobre decoração e crianças. Ainda tem uma seção sobre relacionamentos, com cartas de amor de uma esposa ao seu marido extremista e um guia para noivas frustradas.
Para a revista britânica The Economist, frases da Beitu como "faça de sua casa um paraíso na Terra" e "prepare a comida que seu marido gosta, arrume a cama dele e faça o que ele quiser" sugerem que a Al Qaeda não está contente com a forma com a qual outros jihadistas empoderam suas mulheres.
Segundo a publicação, a revista da Al Qaeda seria uma reação ao grupo Estado Islâmico, que chamou as esposas e mulheres do grupo a integrarem as frentes de batalha. O EI vem treinando mulheres e as colocando em suas propagandas. Antes que o grupo terrorista perdesse Mosul, diversas mulheres-bombas atacaram forças iraquianas.
"A Al-Qaeda teme que o conflito tenha tornado as mulheres vocais, ativas e empoderadas", disse Elisabeth Kendall, da Universidade de Oxford, ao The Economist. "[A Al Qaeda] prefere que elas se concentrassem na etiqueta dentro de casa." Beituki está repleta de dicas para chamar a atenção de seu santo guerreiro. "Roubar é legal", provoca o título, "quando você está roubando o coração do seu homem". Flerte "como uma borboleta", sugere um dos textos.
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