19 de Fevereiro de 2018
Quando vamos colocar algum projeto ou objetivo em prática, a motivação tem um papel importantíssimo. Você pode até conseguir se manter em ação por meio do bom e velho “preciso, então vou fazer”, mas estar motivado e acordar com brilho no olho definitivamente tira um peso enorme das costas e torna tudo mais fácil.
Já falamos outras vezes sobre como a disciplina é essencial e, muitas vezes, vai ser a peça chave para continuar o trabalho em dias nos quais a vontade falha. Agora, vamos lançar um olhar um pouco mais detalhado sobre a motivação.
Por que você precisa moldar a sua motivação?
De uma maneira bem simplista, somos atraídos por aquilo que nos dá prazer e nos afastamos do que nos gera dor ou sofrimento.
No entanto, muitas vezes, aquilo que nos atrai não necessariamente é o que vai nos fazer bem. Há muitos prazeres imediatos que, no longo prazo, são responsáveis por minar a nossa capacidade de manter o corpo saudável, o sustento financeiro ou relações positivas. Em outras palavras, são interesses nocivos.
Nem preciso ir muito longe. Redes sociais, pornografia, álcool, açúcar, games… quando esses — ou outros — hábitos atingem um nível no qual se tornam prioridade sobre necessidades mais básicas e urgentes, tornam-se vícios e acabam trazendo mais prejuízos do que benefícios.
Como somos constantemente bombardeados por essas ogivas de prazer imediato, acabamos perdendo a capacidade de nos interessar por atividades que nos causam menos prazer imediato, mas são mais benéficas no longo prazo.
O discurso sobre motivação que tanto ouvimos por aí, de uma certa forma, parte da premissa de que perdemos a capacidade de nos interessar por aquilo que nos é útil ou benéfico, como o desenvolvimento de projetos de longo prazo. Portanto, acabamos precisando saber como moldar nossa energia interna pra se direcionar àquilo que realmente queremos.
Quais tipos de motivação existem?
Basicamente, dois:
- Motivação intrínseca
- Motivação extrínseca
A motivação intrínseca é quando você consegue tirar energia do fato de que uma determinada ação vai trazer uma recompensa interna como satisfação, alegria e/ou senso de realização. Se você é do tipo que basta saber que fez o bem pra alguém e já fica feliz, você está fazendo uso de aspectos intrínsecos para se motivar.
Agora, se você precisa saber que vai receber um bom salário ou vai ganhar alguma outra coisa em troca pra se mexer, você utiliza de motivação extrínseca.
Ainda falando nesse assunto, elas também podem variar pelo foco de duas formas:
- Foco em recompensa
- Foco em prevenção
Então, você pode se motivar focando no ganho que vai obter (recompensa) ou em algum tipo de contenção de danos (prevenção), ou seja, evitando que coisas ruins aconteçam.
Um estudo canadense sugere que quando você resolve perseguir um determinado objetivo, a sua motivação tende a variar de foco, dependendo do estágio no qual você está no seu projeto.
Eles conduziram estudos que envolveram participantes tentando atingir determinadas metas como, por exemplo, perder 7kg em um ano ou em alguns meses.
Outros estudos envolveram trabalhar em certas tarefas como resolver problemas matemáticos para acumular uma certa quantidade de pontos.
Em cada teste, eles usaram uma variedade de medidas para descobrir como os participantes estavam abordando seus objetivos. Eles estavam otimistas? Estavam focados mais no progresso que tiveram? Ou em quanto faltava para fazer? Eles focavam em uma visão mais geral do objetivo e no por quê queriam atingir aquilo? Ou em detalhes mais estratégicos, como o que exatamente precisavam fazer?
Segundo os autores do estudo, em estágios iniciais da busca por objetivos, ainda estamos repletos de energia — e com tempo de sobra. Conseguimos ver o tempo à nossa frente como uma vantagem, somos mais otimistas e, portanto, tendemos a nos motivar visualizando a recompensa.
Por outro lado, quando o tempo já está mais escasso e o projeto mais avançado, há uma tendência a olhar as coisas de maneira mais pessimista, então, entra em cena a motivação por prevenção.
Comparar o progresso real com a imagem de onde supostamente deveríamos estar é um fator que gera ansiedade de performance, podendo ser extremamente debilitante para algumas pessoas que acabam desistindo nesse estágio.
Já comentei outras vezes por aqui como me considero uma pessoa bastante fogo de palha e como iniciei milhares de projetos que nunca concluí. A minha experiência é bastante parecida com o demonstrado nessa pesquisa. Quando começo, consigo facilmente visualizar os resultados e como ficaria feliz atingindo aquilo. Mas, com o tempo, à medida que avanço, também é fácil cair em um certo tipo de pessimismo paralisante no qual olho pro meu trabalho e penso como não sou bom o bastante e jamais vou conseguir atingir o nível de excelência que persigo. Assim, acabo caindo em diferentes níveis de preguiça e procrastinação até chegar ao ponto de abandonar o projeto ou começar outra coisa.
Talvez não seja tão fácil simplesmente evitar esses pensamentos. Afinal, se a gente pudesse, apenas não pensaria assim.
Mas, sabendo que funcionamos desse jeito, pelo menos podemos pensar em algumas estratégias para controlar esse impulso e nos preparar para não ficarmos travados no caminho.
Crie uma lista do que não fazer
A importância das listas de tarefas não precisa de nenhuma explicação. Praticamente todos os métodos de organização e produtividade incluem uma variação delas.
No entanto, é mais raro vermos alguém abordando a coisa pela via negativa. Ou seja, ao invés de criar uma lista do que fazer, criar uma lista do que não fazer.
Esse pode ser um meio hábil útil sob a perspectiva de que há inúmeros hábitos que nos travam, não trazem praticamente nenhum resultado positivo. Por exemplo, se o que você quer é praticar guitarra, mas acaba ligando o videogame toda vez. Talvez, você precise de um lembrete para simplesmente não jogar.
Eu, por exemplo, sempre tive um hábito com álcool meio nocivo. Recentemente, ando reconfigurando minha vida inteira para não beber. O resultado é que, devido a estar menos vezes na semana com meu corpo debilitado de ressaca, vem sobrando energia para outras coisas, inclusive escrever, gravar minhas músicas e praticar meus instrumentos.
Vale lembrar também que o nosso tempo é precioso. Sempre que optamos por fazer algo, estamos deixando de fazer outras coisas que podem ser mais importantes para nós e que nos fariam muito mais felizes.
Às vezes, você precisa desse cercadinho, impedindo você de tomar atitudes que possam desviar você do seu propósito e, quem sabe, tirar alguns sonhos do papel.
Quando o pessimismo bater, não estiver acreditando muito no que é capaz de fazer e, portanto, caindo nos padrões de ansiedade e paralisia, pode valer observar quais suas fugas e anotá-las na sua listinha do que não fazer.
Manter a motivação no longo prazo não é uma tarefa fácil, então, é bom estar com o freio preparado para quando você começar a se distanciar do caminho.
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