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Resenha por Dirceu Alves Jr.
Os dramaturgos italianos Dario Fo e Franca Ramme escreveram a peça Monólogo da Puta no Manicômio em 1977 e, duas décadas depois, a então estudante de teatro Paula Cohen ficou extasiada diante do texto descoberto na Escola de Arte Dramática (EAD). Foram necessários mais vinte anos para que Paula, profissional reconhecida por 25 peças, se apropriasse em cena do discurso, que ganha fortes conotações feministas rebatizado de Carne de Mulher. Sob a direção de Georgette Fadel, a atriz dá corpo e, principalmente, voz a uma prostituta em um momento determinante da vida. Presa em um hospital psiquiátrico, a personagem presta depoimento sobre um ato extremo praticado como revanche contra um de seus adversários. Também relembra uma sucessão de abusos sofridos em sua história pessoal. Da iniciação sexual forçada, ainda na infância, à barra-pesada do mundo do meretrício, ela relata os namoros da juventude e as feridas que a impediram de conhecer um amor pleno. Em um desempenho enérgico, na trilha do exagero, Paula não só fala o texto. Prefere vociferar ou gritar em algumas passagens para acentuar a revolta. Não à toa passa boa parte da montagem com um microfone em punho, reforçando a indignação e provocando a plateia, que, identificando-se ou não com as situações, deixa o teatro desafiada. Estreou em 5/7/2017.
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