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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

‘Efeito Matilda’ esconde as mulheres na história da ciência: entenda

O termo é uma homenagem à sufragista Matilda Joslyn Gage, que viveu no século 19
12/08/2018 / POR REDAÇÃO GALILEU
Não é só o machismo e o conceito predominante de que “ciência é coisa de homem” que afastam as mulheres da ciência. Existe um preconceito real contra reconhecer as contribuições de mulheres para pesquisas, cujos trabalhos frequentemente são atribuídos aos colegas homens. É tão real que tem até nome: Efeito Matilda.

O termo é uma homenagem à sufragista Matilda Joslyn Gage, que em 1893 escreveu o ensaio Woman as an Inventor ("A mulher como uma inventora", em tradução livre) para protestar contra o imaginário dominante de que uma mulher não tem genialidade para invenções. Em 1993, a historiadora da ciência Margaret W. Rossiter, da Universidade Cornell, homenageou Gage em suas pesquisas para descrever o efeito.
No artigo original, publicado no Social Studies of Science, ela questiona por que conquistas semelhantes não recebem reconhecimento semelhante. “Se nós tivéssemos alguma escala, saberíamos quão chateado ou revoltado poderíamos ficar quando um cientista é ignorado ou esquecido”, escreveu. “Afinal de contas, nem todo mundo pode ou deve ser lembrado pelos outros. Mas qualquer que seja a hierarquia, se a ciência é para ser meritocrática, e a história da ciência reflete isso, conquistas semelhantes ou iguais devem receber reputação e reconhecimento similares.”
Não é o que acontece com as mulheres, ela mostra com diversos exemplos históricos. Lá no século 11, Trotula de Salerno, uma médica italiana, escreveu diversos tratados sobre a anatomia e a fisiologia feminina. Um deles, o Trotula Maior, foi leitura obrigatória nas universidades europeias até o século 16. Mas, após sua morte, muitos de seus trabalhos passaram a ser atribuídos a autores homens — e houve quem questionasse a própria existência da autora.
Séculos depois, nada mudou. A química britânica Rosalind Elsie Franklin, que viveu entre 1920 e 1958, atualmente é reconhecida como uma das principais responsáveis pela descoberta da estrutura do DNA. Na época, porém, quem levou o crédito pelo trabalho foram seus colegas  Francis Crick e James Dewey Watson.
A lista vai longe. E, se os exemplos não bastarem, as consequências do efeito para a ciência são estudadas até hoje. Uma análise feita entre 1991 e 2005 identificou que cientistas homens citam mais frequentemente publicações de autores homens do que de autoras mulheres — e aí dá para imaginar o ciclo que isso gera. Em 2012, pesquisadoras da Holanda mostraram que por lá o sexo de candidatos a cargos de professor influencia na avaliação deles, algo que também é descrito em outros estudos feitos na Itália, Estados Unidos e Espanha.
Finalmente, um estudo de 2012 mostrou que, embora tenha melhorado um pouco, o efeito ainda se aplica à ciência de hoje. “A ciência é estratificada, com distribuição desigual de instituições de pesquisa e de prêmios para os cientistas”, escreveram as autoras da pesquisa, publicada no Sage.

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