Em atualização de protocolo, especialistas alertam sobre o castigo físico e incentivam disciplina positiva
CAROLINA GARCÍA
Madri
El País
Os pediatras dos Estados Unidos querem acabar com as agressões como método corretivo nos lares. Foi o que decidiram na última atualização do protocolo de ação, a primeira em duas décadas, apresentada no dia 5 de novembro, sob o título Disciplina Eficaz para Educar Crianças Saudáveis. Para esses especialistas, e para a evidência científica, está demonstrado que agressões, tapas, gritos e humilhações tornam as crianças mais agressivas; sua capacidade cognitiva e autoestima são afetadas, e também sofrem outros efeitos.
Para evitar condutas desse tipo, os pediatras sugerem que na hora de educar os pais apliquem o que definem como disciplina positiva, que ajuda a criança a modificar seu comportamento e sua tolerância à frustração, permitindo-lhe, além disso, um desenvolvimento saudável. Um método que explicam em 10 passos:
Para evitar condutas desse tipo, os pediatras sugerem que na hora de educar os pais apliquem o que definem como disciplina positiva, que ajuda a criança a modificar seu comportamento e sua tolerância à frustração, permitindo-lhe, além disso, um desenvolvimento saudável. Um método que explicam em 10 passos:
1. Imitação. Ensinar às crianças a diferença entre o bem e o mal sendo um exemplo pode fazer o pequeno ver as consequências de seu comportamento.
2. Ter limites na hora de impor normas às crianças. Os pais devem ser claros e realistas para que estes sejam capazes de segui-las. A linguagem é fundamental. É preciso adaptá-la a cada idade, para assim garantir que compreendam as tarefas.
3. Explicar as consequências das condutas. Com calma e firmeza, é preciso conseguir explicar às crianças as consequências de seus atos. Por exemplo: “Se você não guardar os brinquedos agora, não poderá brincar com eles depois”. Os pais devem ser firmes e não mudar de parecer poucos minutos depois. E acrescentam: “Nunca se deve chantagear o seu filho com algo que realmente necessite, como comida”.
4. Ouça o seu filho. Escutar é fundamental. Espere que seu filho termine de contar o que está acontecendo antes de ajudá-lo. Se o comportamento se repetir, tentar raciocinar com ele antes de lhe dizer quais serão as consequências de seu comportamento.
5. Prestar atenção. A ferramenta mais poderosa para educar é prestar atenção, já que “reforça os comportamentos positivos frente aos negativos”.
6. Reforçar seus comportamentos positivos. Os pais devem evitar focar exclusivamente no negativo.
7. Ignorar um mau comportamento. Pode ser uma boa opção algumas vezes, já que pode dar à criança certa autonomia para ser ela mesma a descobrir as consequências de seu mau comportamento.
8. Estar preparado para o confronto. Quando estamos conscientes do que faz nossos filhos se comportarem mal, isso nos leva a sermos previdentes e reagirmos de uma maneira mais calma e firme.
9. Reconduzir o mau comportamento. Muitas vezes nossos filhos se portam mal porque estão entediados, cansados ou não sabem fazer melhor. Tente procurar outra atividade que a criança domine ou com a qual se divirta.
10. “Cantinho do pensamento”. Apesar da controvérsia que esse tempo de afastamento gera entre certos setores educacionais, os pediatras dos EUA o recomendam quando alguma norma estipulada pela família se rompe. No entanto, aconselham avisar a criança antes de aplicá-la. Segundo esses especialistas, a duração deve ser de um minuto por ano de idade. Assim, se a criança três anos, seriam três minutos. Segundo eles, também se pode tentar fazer a própria criança administrar o tempo: “Vá para o seu quarto e só volte quando estiver mais calmo”.
Além de seguir essas pautas, os pediatras concordam que os pais precisam estar conscientes de que não é a mesma coisa falar com um bebê que com um adolescente, e que “é preciso adaptar sua linguagem e normas à idade de seus filhos”.
Conforme explicam, com as crianças de 0 a 3 funciona melhor o exemplo, já que aprendem por imitação e pela linguagem positiva; com mais de três, “o melhor é reforçar o bom e ignorar o ruim”. Para os maiores de seis anos, os pediatras dizem que “quando fizerem algo de errado, devemos lhes falar sobre as opções boas e más que têm diante dessa situação problemática”. Por outro lado, com os adolescentes aconselha-se “que se ponha numa balança o que esperamos deles e o que são capazes de fazer, e se aja conforme isso e de forma realista”.
Em resumo, para educar sem chineladas, gritos e humilhações há três vertentes fundamentais: a escuta ativa, que permite que tanto a criança como nós compreendamos por que o mau comportamento acontece; a empatia, para sermos capazes de nos pôr no lugar do outro, e o respeito, para fugir de qualquer vexame e assim promover o desenvolvimento saudável do menor e fomentar as relações familiares sãs.
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