20/11/2018
Na América Latina e Caribe, mulheres recebem 16,1% menos que os homens empregados na mesma função. Desigualdades foram tema de seminário realizado neste mês (12) em Santiago, no Chile. Organizado pelo Banco Mundial e pela Comissão Econômica da ONU para a região, a CEPAL, o evento debateu estratégias para promover o empoderamento econômico das mulheres.
Marcos normativos são necessários, mas não suficientes para alcançar uma igualdade substancial entre homens e mulheres na América Latina e Caribe, afirmaram especialistas em seminário realizado neste mês (12) em Santiago, no Chile. Organizado pelo Banco Mundial e pela Comissão Econômica da ONU para a região, a CEPAL, o evento debateu estratégias para promover o empoderamento econômico das mulheres.
Em nível regional, mulheres recebem 16,1% menos que os homens empregados na mesma função. Quando considerada a força de trabalho feminina, 51,4% das profissionais com emprego estão em setores de baixa produtividade, com condições trabalhistas precárias. Segundo a CEPAL, 11% das mulheres trabalhadoras são empregadas domésticas.
Em países latino-americanos e caribenhos, apenas 52% das mulheres estão inseridas no mercado de trabalho. Entre os homens, o índice chega a 76,6%.
“A atual conjuntura econômica e as perspectivas para 2019 são pouco favoráveis para que os cidadãos em geral, e em especial as mulheres, alcancem uma maior autonomia econômica. É por isso que nos empenhamos em romper o silêncio estatístico em relação ao trabalho total das mulheres e à desigualdade de renda, de riqueza e de acesso pleno ao mundo do trabalho com todos os direitos”, afirmou a chefe da CEPAL, Alicia Bárcena, durante a abertura do seminário.
Na avaliação da dirigente, “a desigualdade de gênero, além de ser injusta, é profundamente ineficiente”.
“É um obstáculo que conspira contra o desenvolvimento sustentável. É ineficiente que, na América Latina e Caribe, as mulheres tenham níveis de ensino maiores que os homens e enfrentem discriminações nos mercados de trabalho”, explicou a autoridade máxima da CEPAL.
Segundo Bárcena, as capacidades das mulheres estão sendo desperdiçadas. Além disso, profissionais são impedidas de chegar aos cargos executivos. Isso é “uma limitação para a produtividade de nossos países”, enfatizou a chefe da comissão.
“A igualdade de gênero contribui para criar ambientes trabalhistas diversos, para impulsionar a inovação e fechar lacunas estruturais”, completou a dirigente.
Também presente no evento, o gerente-geral de Operações do Banco Mundial para Bolívia, Chile, Equador e Peru, Boris Utria, cobrou que legislações sobre igualdade de gênero sejam complementadas com o financiamento de iniciativas para promover mudanças culturais.
“Não acredito que exista um tema mais importante e urgente no mundo que essa mudança cultural em relação à mulher, essa inclusão econômica, social, política e cultural da mulher”, afirmou o dirigente.
Em mensagem de vídeo para o seminário, a vice-presidenta sênior e assessora jurídica do Banco Mundial, Sandie Okoro, disse que o organismo financeiro vê a igualdade de gênero como “uma solução para o desenvolvimento transversal, para acabar com a pobreza extrema e promover a prosperidade compartilhada”.
A especialista elencou diferentes áreas que merecem mais políticas para eliminar as disparidades em relação aos homens.
“Quando mulheres são protegidas da violência doméstica, sua expectativa de vida aumenta. Onde existem serviços públicos de cuidado infantil, as mulheres têm mais probabilidades de ter um emprego. Onde existem fortes direitos de propriedade, mais mulheres ocupam cargos de direção nas empresas. E onde a lei proíbe a discriminação de gênero no acesso ao crédito, mais mulheres têm contas em instituições financeiras.”
A ministra da Mulher e Igualdade de Gênero chilena, Isabel Plá, argumentou que a defesa da igualdade é fundamentada numa crença na justiça.
“Mas também fazemos isso porque (ela) é um veículo de progresso inevitável. As desigualdades em matéria de gênero são ineficientes, são um obstáculo para a vocação de progresso que temos que renovar em nossa região”, completou a chefe da pasta.
Atualmente, a CEPAL apoia os países na execução da Estratégia de Montevidéu para a Implementação da Agenda Regional de Gênero, um plano acordado pelos países da América Latina e Caribe em 2016. O primeiro dos dez eixos de implementação aborda os marcos normativos sobre igualdade para as mulheres. O documento também prevê ações nas áreas de institucionalidade, participação, fortalecimento de capacidades, financiamento, comunicação, tecnologia, cooperação, sistemas de informação, monitoramento, avaliação e prestação de contas.
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