A escritora mineira foi a escolhida para entregar o troféu a vencedora do Prêmio Viva na categoria Sociedade Civil, Amanda Ferreira, em evento que aconteceu na Sala São Paulo na noite desegunda-feira (25), na capital paulista
A escritora mineira Conceição Evaristo foi a escolhida para entregar o troféu a vencedora do Prêmio Viva na categoria Sociedade Civil. A premiação está na sua segunda edição e é uma parceria entre Marie Claire e Instituto Avon para homenagear as pessoas que estão mudando a história da violência contra a mulher no Brasil. O evento aconteceu na Sala São Paulo na noite da última segunda-feira (25), na capital paulista.
A participação de Conceição foi um momento de grande comoção, ela foi aplaudida de pé ao se encaminhar para o palco entregar o prêmio para Amanda Ferreira, que afirmou que a vitória não é dela, mas das crianças que sofrem violência sexual todos dias e têm que se reconstruir. “É muito difícil ser ativista no Amazonas, em toda região norte, no Brasil, num país que hoje mata seus ativistas, onde o poder e o dinheiro de quem é mais poderoso compra sexo com crianças e adolescentes. Quando a gente está querendo desistir, alguém diz ‘continue porque você está no caminho certo”.
A participação de Conceição foi um momento de grande comoção, ela foi aplaudida de pé ao se encaminhar para o palco entregar o prêmio para Amanda Ferreira, que afirmou que a vitória não é dela, mas das crianças que sofrem violência sexual todos dias e têm que se reconstruir. “É muito difícil ser ativista no Amazonas, em toda região norte, no Brasil, num país que hoje mata seus ativistas, onde o poder e o dinheiro de quem é mais poderoso compra sexo com crianças e adolescentes. Quando a gente está querendo desistir, alguém diz ‘continue porque você está no caminho certo”.
Em entrevista à Marie Claire, Conceição afirmou que estes momentos servem para chamar a atenção para a violência que a mulher sofre em todo o país. "Quanto mais falarmos sobre isso, quanto mais for denunciada a violência e quanto mais pessoas intervirem, essas ações, somadas a divulgação, elas ajudam e são pedagógicas. Ensina, principalmente aos homens a pensarem a responsabilidade quando agridem uma mulher".
Para a escritora, uma das maneiras da violência contra a mulher ser combatida é com mais rigorosidade nas penas aplicadas aos agressores. "Elas precisam ser mais severas. Quando a mulher denuncia e o sujeito fica impedido de circular nos espaços onde essa mulher vive, vemos que isso [o ciclo de violência] é quebrado facilmente. Precisamos de uma vigilância maior nesse sentido, que a mulher ameaçada tenha uma eficaz proteção", disse Conceição.
Consagrada na Brasil e exterior por seus trabalhos literários, Conceição afirmou ainda que a educação - também categoria no Prêmio Viva- é uma das chaves para combater a violência contra a mulher. "Vemos crianças, adolescentes, homens em formação agredindo meninas, a educação desses meninos também precisa colocar isso como meta dentro do processo educativo e como prática para sensibilização desde criança. Se desde criança o menino aprender a respeitar a menina, as coisas serão melhores".
Dois terços das mulheres assassinadas no Brasil são negras, de acordo com o Atlas da Violência 2019, do Ipea e Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e Conceição destaque este número. "A mulher negra sofre violência constantemente. O que me instiga é por que o homem negro, que também é um sujeito vítima da violência, reproduz essa violência em cima das mulheres negras. Nós, mais uma vez, como vítimas, ainda temos o papel de ensinar esses homens a nos respeitarem", afirmou.
No palco na Sala São Paulo, a escritora voltou a falar no tema: “Vou me dirigir aos homens, particularmente aos homens negros. Cada vez mais os homens negros estão fragilizados na sociedade brasileira. Se torna necessário que esses homens deixem de ser nossos agressores. Já temos uma sociedade inteira que nos agride, se esses homens negros se tornarem nossos companheiros vai ser muito mais fácil pra nós e pra eles”, defendeu. “Homens negros, reconheçam a fragilidade de vocês e nos acolham”, pediu a escritora.
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