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segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

“Mulheres são seres de transformação social”

Para pesquisadoras ouvidas no “Diálogos na USP”, esta postura questiona antigo papel masculino
29/11/2019

Dados do Ministério da Saúde mostram que, a cada quatro mulheres, uma é vítima de violência. No último ano, foram registrados mais de 145 mil casos, envolvendo a violência física, sexual e psicológica. Com o passar dos anos, foram sendo criadas medidas protetivas para as mulheres, como a Lei Maria da Penha em 2006 e a Lei do Feminicídio em 2015; todavia, ainda não são suficientes para acabar com o problema.

Para falar sobre o tema, o Diálogos na USP, apresentado por Marcello Rollemberg recebeu Maria Arminda do Nascimento Arruda, professora de Sociologia e diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, além de coordenadora do escritório USP Mulheres, e a pesquisadora Giane Silvestre, do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e mestre em Sociologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Procurando explicar os motivos para o aumento da violência contra a mulher, a professora Maria Arminda explica que há múltiplas razões. Uma delas pode estar relacionada com a segurança que as mulheres têm sentido para denunciar, o que intensifica o número de registros e pode explicar essa alta na violência. Por outro lado, tal motivo não deve ser considerado o único. Há uma grande transformação nas relações entre mulheres e homens que tende a acirrar a violência, o que se relaciona com as questões de gênero.

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Marcello Rollemberg, Maria Arminda e Giane Silvestre no programa Diálogos – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

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Giane Silvestre complementa que os dados produzidos a partir de registros policiais não condizem com a realidade em sua totalidade, já que são parte de um fenômeno que acontece. Além disso, a legislação contra a violência é muito recente, o que dificulta uma mudança imediata na cultura da sociedade.

Levando em consideração o contexto social, Maria Arminda diz que a violência pode ter como fator central o sexismo, ou seja, o homem tido como dominador. Giane Silvestre reforça a ideia falando da questão de posse relacionada ao casamento. “Estamos em um momento da história que estamos vendo as mudanças se iniciarem”, cita ela. Inserção da mulher no mercado de trabalho, na política e na universidade são alguns marcos desse começo.
Maria Arminda chega a definir as mulheres como seres de transformação social, ou seja, incluídas na história como símbolos de mudança, fator que questiona o antigo papel da masculinidade. No entanto, o papel da mulher no cenário de transformação acaba se confundindo em alguns momentos. Giane Silvestre exemplifica que a mulher que trabalha é demitida após a licença-maternidade, então ela deve trabalhar, mas também deve ser mãe ou deve ter emprego, mas continuar sendo “dona de casa”. A sociedade está caminhando para mudar tais aspectos.

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