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terça-feira, 11 de dezembro de 2012


Especialistas veem exagero em diagnósticos do TDAH e criticam medicação excessiva

Cristiane Capuchinho
Do UOL, em São Paulo

Pais e professores enfrentam um dilema: quando a falta de atenção do estudante em sala de aula é problema de saúde e quando é um problema com os métodos do professor? Especialistas embatem sobre o aumento do uso de remédios, como a ritalina, no combate de deficiências escolares e o diagnóstico preciso do TDAH.
Os defensores da campanha contra a medicalização da educação entendem que muitas vezes existe um tratamento de diferenças comportamentais como se elas fossem doença. Para eles, o diagnóstico foi banalizado e problemas que são pedagógicos – e deviam ser tratados com estratégias de ensino – vão parar no âmbito da saúde.
Sem remédio Psiquiatras e neurologistas, por outro lado, apontam para a importância do diagnóstico correto do transtorno para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Para a psicóloga Carla Biancha Angelucci, presidente do CRP (Conselho Regional de Psicologia) de São Paulo, a escola não consegue lidar com as diferenças entre as crianças e usa métodos pedagógicos que não atingem todos os alunos. "Se a criança não se interessar pela educação é muito possível que ela comece a apresentar hiperatividade, situações de conflito. Não temos que mexer na criança para que ela possa suportar com tranquilidade uma aula desinteressante", afirma.
"Se em casa a criança é de um jeito e na escola é de outro, os pais devem tentar descobrir o que está acontecendo de errado para haver um conflito escolar. Os pais devem conversar com professores e com outros pais de alunos", recomenda Angelucci.

VEJA POSSÍVEIS SINAIS DO TDAH

O diagnóstico do TDAH é clínico e deve ser feito por um médico, mas fique atento aos seguintes sintomas, especialmente se eles causam prejuízo às vidas social, escolar e familiar:

Desatenção: a criança não consegue ler sem perder o foco. Essa atividade é de extremo esforço e penosa. Pequenos estímulos externos são valorizados, quando as demais crianças não os perceberiam. Perda frequente de objetos. Comportamento de quem parece não escutar. Mas atenção: esse sintoma, isolado, pode estar relacionado a outros distúrbios.

Hiperatividade: não consegue ficar sentada por muito tempo ou parada. A sensação que se tem é que é movida por um motor. Agitação, fala em demasia.

Impulsividade: tem dificuldade de esperar sua vez, interrompe conversas, não espera a finalização de respostas para sua pergunta, age antes de pensar.

Dificuldade de memória de trabalho: é incapaz de gerir várias informações ao mesmo tempo para execução de uma tarefa.
 

Pressão social versus problema médico

"Na nossa sociedade, o que é preciso para ser considerado bem-sucedido é ser multifuncional, ter muitas janelas abertas, ser egoísta. Mas quando você vê isso em um aluno se diz que ele tem um problema", aponta a psicóloga Gisela Untoiglich, professora da Universidade de Buenos Aires.
O TDAH atinge entre 3% e 6% das crianças em idade escolar. A estimativa é feita a partir de diferentes pesquisas internacionais, afirma o neuropediatra Mauro Muzcat, coordenador do Ambulatório de Deficit de Atenção da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que trata 650 crianças atualmente.
Desses, pouco mais de 50% dos diagnosticados terão o mesmo transtorno quando adultos, afirma.
Muzcat explica que no diagnóstico do transtorno não basta ver os sintomas, é importante perceber o quanto os sintomas afetam a vida das crianças.

Aumento na venda de remédios

Entre 2005 e 2010 a dispensação de comprimidos com o composto químico cloridrato de metilfenidato, princípio ativo de remédios como a ritalina, cresceu 1.645% no Estado de São Paulo. Os dados são de um levantamento feito pelo CRP-SP com informações de 287 municípios.
O uso do medicamento tem "efeitos muito bons nos pacientes diagnosticados" que "em média fazem o tratamento por dois anos", segundo Muzcat.
No entanto, a preocupação se justifica pelo aumento no número de estudantes que buscam na ritalina a solução para se concentrarem nos estudos. "As famílias também estão afetadas pelo ímpeto de produção. O aluno tem que ter boa performance, tem que acompanhar as aulas no mesmo ritmo dos outros alunos", explica Carla Biancha Angelucci, presidente do CRP-SP.

Veja por que alguns astros do rock não gostavam da escola

Foto 1 de 18 - Ozzy Osbourne - "Eu odiava a escola. Odiava. Ainda consigo lembrar meu primeiro dia no Prince Albert Juniors em Aston: tiveram de me arrastar até lá pelo colarinho, por que eu chutava e chorava muito. A única coisa que queria da escola era que o sinal tocasse às quatro da tarde. Eu não conseguia ler direito, por isso não tinha boas notas. Nada entrava na minha cabeça e não conseguia entender por que meu livro e era como se tudo estivesse escrito em chinês. Sentia que não era bom em nada, como se fosse um desastre. Só com trinta anos descobri que tinha dislexia, além de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Ninguém sabia dessas coisas na época. Estava numa classe com quarenta crianças e, se não entendesse, os professores não tentavam ajudar - eles o deixavam de lado. Foi o que aconteceu comigo. E quando eu precisava fazer alguma merda - como quando tinha de ler em voz alta - eu tentava divertir a classe. Pensava em todos os tipos de coisas doidas para fazer os outros rirem"

Trecho extraído do livro "Eu Sou Ozzy", de Ozzy Osbourne com Chris Ayres (Tradução: Marcelo Barbão. Editora: Saraiva, 2010) Lucas Lima/UOL

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