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domingo, 23 de dezembro de 2012
Novas famílias celebram juntas a tradição do Natal
Divórcios e uniões de pessoas do mesmo sexo reconfiguram as relações afetivas e mudam a dinâmica das festas de fim de ano
O Natal é uma época de presentes, celebrações e união - e aí começa a confusão. Reunir toda a família está ficando cada vez mais complicado. No ano passado, o número de divórcios subiu 46,5% em relação a 2010, batendo recorde histórico no País, e o de recasamentos dobrou nos últimos dez anos. Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Justiça legalizou outros tipos de casamento. Em maio do ano passado, a união estável de pessoas do mesmo sexo foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal. O fato é que o brasileiro tem mais liberdade para assumir suas verdadeiras relações afetivas. E o modelo da família tradicional começa a passar por uma grande reformulação.
Pluralidade. Qual é o tipo de família que amanhã estará reunida em torno da ceia de Natal? Haverá de tudo um pouco. O menino João, de 12 anos, por exemplo, vai passar o Natal com a mãe, a jornalista Fernanda Estima, de 43 anos, e a namorada dela, a DJ Juliana Lora de Sá, de 36.
Já Denise Manso, de 40 anos, viajou com dois de seus três filhos - Dafne, de 11, e Cauê, de 9 - e com Sofia, de 10 anos, que é irmã de João Gabriel, de 15, filho do ex-marido. Todos se entendem muito bem. Para alguns parece incompreensível o fato de Denise dar suporte à mãe de João Gabriel. Quando o menino nasceu, Denise estava casada com o pai dele.
Às vezes, fica até confuso entender quem é quem dentro do clã. Em alguns momentos, porém, surgem constrangimentos. Explicar a estranhos que a família é diferente cria desconforto para pais, filhos e agregados. "Há muitos novos modelos em curso, mas existe um descompasso entre a prática e os valores que ainda persistem na cabeça da maioria", diz a antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mirian Goldenberg.
"Os novos arranjos ainda não encontraram sua legitimidade social porque aquele ideal de como devem ser as famílias continua. Valores tradicionais demoram mais a mudar", diz Mirian, que acredita nessa transformação. "No futuro, qualquer configuração será aceita como normal", afirma com segurança.
Felicidade. A reportagem do Estado ouviu cinco famílias que enfrentaram o desafio de ignorar as críticas e escolheram caminho próprio para a felicidade. "Acho que esse é o espírito do Natal", diz a jornalista Bizuka Correa, casada e separada três vezes, que teve filhos com o segundo e o terceiro marido.
No Natal passado, Bizuka celebrou com o namorado, com seus pais, os filhos, o segundo marido e a mulher dele, que ainda levou a mãe e o pai - também separados. A mãe dela foi acompanhada do atual namorado. "Brinco que minha família é sueca."
A atitude é de vanguarda e, para os especialistas, é o caminho para atingir a legitimidade social. "Quanto mais gente fizer seus arranjos familiares, mais os outros também se sentirão livres", diz Mirian.
Os paulistanos que aparecem na reportagem (leia ao lado) provam que o papel que cada um desenvolve em uma família independe do sexo e da consanguinidade. "Essas questões são mais internas, emocionais, do que objetivas", diz Guilherme Polanczyk, psiquiatra e professor da Universidade de São Paulo (USP). "Ser pai, mãe, avô ou avó não depende de sexo, da idade ou do laço sanguíneo."
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