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sábado, 1 de dezembro de 2012


O direito das mulheres a uma vida livre de violência

MARTHA MENDONÇA
  
O primeiro passo para acabar com a violência mundial contra as mulheres é a informação. Este é o assunto da assessora de Direitos Humanos da Anistia Internacional no Brasil, Renata Neder, na seção Mulheres pelo Mundo.

Noxolo Nogwaza, África do Sul: assassinada em 24 de abril de 2011. Noxolo era conhecida por ser uma ótima mãe, amiga, jogadora de futebol e, também, ativista. Ao voltar para casa depois de sair com amigos, foi brutalmente assassinada. Seus agressores a estupraram, espancaram e esfaquearam, muito provavelmente devido a sua luta pelos direitos LGBT no país.  Um ano após sua morte a justiça ainda não foi feita, não há qualquer avanço nas investigações de sua morte e seus assassinos continuam soltos.

Azza Hilal Ahmad Suleiman, Egito: espancada em 17 de dezembro de 2011. Azza participava de uma manifestação na Praça Tahrir quando soldados atacando os manifestantes obrigando-os a fugir e causando pânico e correria. Ao deixar o local, ela avistou um grupo de soldados espancando e despindo uma jovem. Azza tentou socorrê-la e tirá-la dali. Os soldados então derrubaram Azza no chão e a espancaram brutalmente, causando sério traumatismo craniano. Até hoje as autoridades egípcias não responsabilizaram ninguém pelo ataque e nem sequer ofereceram qualquer tipo de reparação ou indenização para ajudar Azza em sua recuperação.

Safia Ishaag, Sudão: presa, torturada e estuprada em fevereiro de 2011. Safia é estudante e ativista do Girifna, um grupo de jovens sudaneses que fazem resistência pacífica e não violenta ao governo do Sudão desde 2009. Desde então, membros do movimento têm sido alvo das autoridades. Os membros do Girifna têm sido presos, torturados e sofrido violência sexual repetidamente. Em junho de 2012, Rashida Shams al-Din, outra ativista do grupo, foi presa pelas forças de segurança de Khartoum. Até o momento, ela está presa em local desconhecido, sem contato com a família e sem acesso a um advogado, e corre riscos de tortura e outras formas de violência.

Maria Isabel Franco, Guatemala: estuprada e brutalmente assassinada em dezembro de 2001. Ela tinha apenas 15 anos. Sua mãe, Rosa Franco, luta por justiça desde então. Mas, até hoje, as autoridades da Guatemala não levaram os responsáveis à justiça. Essa luta contra a impunidade resultou em intimidações e ameaças de morte contra Rosa. O caso já levado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, mas permanece impune.

A violência contra as mulheres, infelizmente, é uma realidade que transpassa fronteiras e é mais frequente do que gostaríamos. Uma em cada 3 mulheres será estuprada, violentada ou espancada em algum momento da sua vida. Já mencionei esses dados chocantes aqui, há algum tempo.

Mas, em regiões de conflito armado, essa realidade é ainda mais brutal. Infelizmente, nenhuma região no mundo está imune à experiência da violência sexual contra a mulher no contexto do militarismo. Por isso, é necessário que a violência sexual e os estupros de guerra sejam levados à justiça e as vítimas tenham acesso à verdade e à reparação. Só para dar uma ideia da gravidade desse tipo de violência: em 2010, em apenas 3 dias, grupos armados estupraram mais de 150 mulheres na região Walikale (Kivu do Norte) na República Democrática do Congo.

Parece um tema pesado para um sábado? Pode ser… Mas, na vida real, a violência contra a mulher não tem dia nem hora para acontecer. E essas realidades parecem distantes de nós, algo inatingível, uma realidade sobre a qual não temos controle ou influência. Mas não é verdade. Sempre podemos fazer algo para mudar a realidade, mesmo aquela que parece distante.

Podemos começar a fazer a nossa parte falando sobre isso. Vamos falar sobre isso, em um sábado – por que não? Vamos falar sobre isso para que essa violência não se torne natural, aceitável, invisível. Para que a dor dessas mulheres não caia no esquecimento, não seja apenas uma estatística triste relatada em uma notícia de jornal.

Domingo passado, dia 25 de novembro, foi o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher. Nesse dia, começou uma jornada mundial de mobilização sobre o tema. São 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, uma jornada que se encerra no dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Esse ano o tema é “ Da Paz no Lar à Paz no Mundo: Vamos Desafiar o Militarismo e Acabar com a Violência contra as Mulheres!”

Vamos deixar então a paz da nossa indiferença silenciosa e, pelo menos, falar sobre isso nos próximos dias. Para que, assim, a violência contra a mulher não se torne nunca algo natural.

http://colunas.revistaepoca.globo.com/mulher7por7/2012/12/01/o-direito-das-mulheres-a-uma-vida-livre-de-violencia/

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