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segunda-feira, 27 de maio de 2013


Autor do livro e do filme ‘As Vantagens de Ser Invisível’ fala sobre as dores e as delícias da fase de seu público preferido

Raquel Carneiro

Stephen Chbosky, autor do livro 'As Vantagens de Ser Invisível'
Stephen Chbosky, autor do livro
'As Vantagens de Ser Invisível'
 
(Imeh Akpanudosen/ Getty Images)
Aos 29 anos, Stephen Chbosky publicou seu primeiro e único livro sob o longo título As Vantagens de Ser Invisível. Semiautobiográfica, a obra é composta por cartas escritas pelo personagem principal, Charlie, um garoto de 15 anos tímido e depressivo, para um misterioso amigo, a quem ele relata experiências vividas no ensino médio. 

Publicado em 1999 pela MTV Books, o livro foi lançado de modo despretensioso, mas se tornou um grande sucesso e até hoje rende frutos ao autor. “Eu nunca esperei vender tantos livros”, disse Chbosky ao site de VEJA.

Frequentador assíduo da lista de mais vendidosAs Vantagens de Ser Invisível já vendeu mais de 3 milhões de exemplares pelo mundo, quantidade impulsionada pela adaptação cinematográfica lançada no ano passado. O longa, roteirizado e dirigido pelo próprio escritor, traz a ex-Harry Potter Emma Watson no elenco, ao lado do excelente jovem ator Logan Lerman, conhecido pelo papel de Percy Jackson na franquia homônima. 

Agora com 43 anos e poucas obras no currículo – além de As Vantagens, ele criou as séries de TV Brutally Normal (2000) e Jericho (2006) e roteirizou o filme Rent - Os Boêmios (2005) --, Chbosky contou ao site de VEJA que está trabalhando em seu segundo livro, que também será um filme. Nesta nova história, o autor mantém o foco em seu público favorito: os adolescentes. 

Confira a entrevista completa concedida pelo autor de As Vantagens de Ser Invisível para o site de VEJA: 

Você lançou As Vantagens de Ser Invisível em 1999, mas só fez o filme em 2012. Por que esse intervalo de tempo tão grande entre os dois? Desde que lancei o livro e ele se tornou conhecido, fui procurado para transformá-lo em filme, mas preferi dar esse tempo porque precisava de distância entre as duas obras. É um livro muito pessoal para mim e eu queria espaço para colocar tudo em ordem e refletir sobre como o longa seria feito. 

Mesmo com o sucesso, este é seu único livro. Tem planos de lançar outro? Sim, estou escrevendo meu segundo romance agora. Será emocionalmente parecido com As Vantagens de Ser Invisível. Os personagens principais também são jovens. Mas vai se passar nos anos 1970. Pretendo lançar em 2015 e ele provavelmente também se tornará um filme. 

Como surgiu a ideia para escrever As Vantagens? Eu tive um momento de crise na vida em que precisava entender por que pessoas tão boas se permitiam ser tratadas por outras de maneira tão ruim. E criar um personagem sensível como o Charlie permitiu que eu me libertasse dessa dúvida e ficasse em paz com o assunto.

É verdade que o livro foi proibido em alguns estados americanos? O livro era parte da Associação de Bibliotecas Americanas, porém, alguns grupos de pais e professores de algumas cidades acharam que ele não era adequado para seus filhos e, por isso, o proibiram. Mas isso foi há dez anos, mais ou menos.

Como você compara a sociedade e os críticos que receberam o livro naquela época aos que receberam o filme em 2012? Os dois foram tiveram boa recepção, e ambos também foram criticados pelos mais conservadores. Mas, para mim, a preocupação principal estava relacionada à qualidade do trabalho. Quando lancei o livro, ninguém me conhecia, não havia nenhuma expectativa, então trabalhei com mais liberdade. Já o filme era algo esperado. Sofri mais pressão. 

Apesar das controvérsias, muitos jovens se identificam com seu livro. Há alguma história marcante relacionada a ele? Certa vez, uma jovem de Nova York me contou que desistiu de se suicidar por causa do livro. Nós continuamos nos correspondendo. De tempos em tempos, ela me manda cartas dizendo como está. Eu me importo com o que acontece com os leitores depois da leitura. Existiram outros casos como este, sempre recebo cartas de leitores que se sentiram melhores, menos sozinhos, ao ler As Vantagens

Você costuma se corresponder com fãs? Sim, acho bom que eles tenham esse contato. Pois a maioria gostaria que alguém se importasse com eles, e eu me importo. Com o passar do tempo, chega um momento em que os leitores não precisam mais disso, eles amadurecem, mas quem está na escola pode viver momentos mais complicados do que imaginamos, e é legal saber, nesse período, que não estamos sozinhos. 


Acha que adolescentes são subestimados? Sim, acho que eles são subestimados porque nós adultos nos lembramos dessa fase com certa distância. Nos lembramos do primeiro amor, da primeira vez que nosso coração foi partido e na fase adulta colocamos todas as experiências em um contexto. Sabemos que tudo vai passar, que vamos viver outras coisas, e que aquelas não serão mais tão importantes. Sabemos que o coração partido pela primeira vez se tornará uma lembrança boba, pois você ainda vai conhecer outras pessoas e depois vai conhecer sua esposa, ou marido, e aquele primeiro amor será passado. Com esse olhar universal, não damos atenção ao adolescente, não respeitamos sentimentos que já vivemos. Para fazer o livro e o filme, procurei refletir sobre como eu me sentia antes de conhecer minha esposa, de ter uma filha, e não era fácil para mim. Por isso, acho que devemos aprender a respeitar o sentimento e os pensamentos de um adolescente.


Quais são suas memórias quando pensa na adolescência? Eu me lembro de jogar futebol, de paquerar as garotas, e dos amigos que fiz. Na verdade, a parte tímida e retraída do personagem Charlie eu trouxe de inspiração da pré-adolescência, da quinta série mais ou menos, por volta dos 11 anos. Foi uma fase de aprendizagem e de sair da bolha. Por isso, quando entrei no Ensino Médio tive um período bom. Mas há algo de interessante e até sexy na timidez. Hoje, me lembro daquela época e vejo meu passado de um modo diferente. 


Que tipo de livro você lia nesta fase? Sou fã dos clássicos da literatura americana, mas acredito que na escola é saudável ter uma combinação de ensino dos clássicos com livros contemporâneos. Particularmente, meus livros favoritos são títulos como O Grande Gatsby e O Sol É Para Todos, que foram publicados há muito tempo, mas mantém uma universalidade, tem conexão com nossa realidade atual. 


Seu livro tem sido categorizado como sick-lit. O que acha disso? Qualquer classificação que me coloque ao lado do livro de John Green (A Culpa É das Estrelas) para mim é ótima, fico feliz. Tenho conversado com ele, é um autor muito talentoso. 

Você manteve a história do livro fiel ao filme. Em algum momento pensou em alterar algo para a adaptação? Eu sempre quis manter a mesma história. O filme só me deu mais oportunidade de desenvolver os personagens e os tipos de relacionamentos que eles possuem, que são variados. E também podemos sentir o ponto de vista de outros personagens, que no livro ficou limitado à visão do protagonista e narrador Charlie. 

Como foi ver estes personagens ganharem vida com os atores Emma Watson e Logan Lerman? Durante a première do filme eu falei para os dois que esse livro tinha um lugar especial no meu coração, e que fazer o filme com eles foi uma realização, pois os levarei para sempre comigo. Emma Watson para mim será sempre a Sam. E Logan Lerman será sempre o Charlie. Eu adoraria que um dia, quando ambos olharem para trás, eles se sintam parte de algo especial na vida de outros jovens, como eu me senti quando lancei o livro.

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