Para usar a razão de forma eficiente é necessária uma dose de emoção
Marina Oliveira e Rita Trevisan
do UOL, São Paulo
Ser racional significa aplicar a razão para compreender e decidir, mas fazer escolhas que ignoram o emocional pode ser frustrante
É de pensamentos objetivos que se constitui o lado racional de cada um. Por este motivo, usar a razão para escolher entre duas opções que precisam ser pesadas é uma escolha sensata. "Ser racional significa usar a capacidade de captar conscientemente o sentido das coisas, aplicar a lógica para definir e compreender fatos", define a psicóloga e professora Heloisa Fleury. A razão é um dos melhores recursos para se analisar os prós e contras de uma situação porque considera os dados reais.
Os lados racional e emocional de cada um são desenvolvidos durante a infância e sofrem forte influência do ambiente. Em geral, nascemos espontâneos e tendemos à racionalidade à medida que amadurecemos. A razão se torna, entre outras coisas, uma ferramenta para inibir um desejo. "Aplicar a racionalidade muitas vezes significa pensar em direção contrária a algum sentimento. Geralmente, há uma luta entre uma vontade e um dever. Usar a razão é pender a decisão para o dever", esclarece o psicólogo Marcelo Quirino.
No outro extremo, pessoas extremamente racionais muitas vezes acabam limitando suas ações em função do medo. "Nossa razão não é tão pura quanto pensamos porque é constituída de emoções processadas. Alguém lógico demais pode se sufocar com um excesso de segurança", alerta o psicólogo. "Uma mulher desiludida e que quer se defender de uma futura frustração, por exemplo, vai trabalhar com a ideia de que nenhum homem presta. Por outro lado, tanta razão vai impedi-la de experimentar novas emoções com um parceiro", exemplifica.
Razão com emoção
Excetuando as escolhas que dependem inteiramente da lógica, como no caso de um executivo que deve decidir com base em gráficos e números, a razão será mais eficiente quando for complementada pela emoção. "Uma decisão baseada só no lado racional pode nos conduzir a um resultado frustrante", resume Heloísa. "Devemos analisar os diversos aspectos relacionados a uma questão, levando em conta os elementos objetivos, mas sem esquecer de ouvir também os nossos desejos", opina.
Sozinha, a emoção também não funciona, já que pode nos levar a agir de forma impulsiva e inconsequente. Como em quase tudo, o ideal, portanto, é encontrar o equilíbrio. "Eu posso escolher algo por ser mais agradável, mesmo sabendo que isso vai me custar mais. É uma decisão que considera a emoção, mas que se apoia num pensamento fundamentado por fatos e sobre o qual eu já fiz algum tipo de ponderação", justifica a psicóloga.
Também é importante neutralizar, na medida do possível, o temor de errar, que nos deixa propensos a escolher a saída mais convencional ou socialmente aceita para determinada questão. "Toda decisão da vida é uma aposta. Precisamos nos responsabilizar pelas escolhas que fazemos, além de estarmos dispostos a corrigir os nossos possíveis erros", resume Quirino.
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