Bate-boca entre apresentadora e religioso fundamentalista ilustra a arte da "não-entrevista" - uma peça jornalística rara, mas em geral incrivelmente reveladora
Apresentadora de TV egípcia expõe clérigo islâmico que queria fechar canal de televisão (Reprodução) |
Desde o começo, o objetivo do canal parece ter sido enervar e expor o clérigo que, como vem à tona durante o programa, processa a emissora e pretende vê-la de portas fechadas. A estratégia foi bem-sucedida.
Antes mesmo de começar a gravação, a apresentadora Riham Said contesta Badri, que havia lhe pedido que usasse o véu hijab durante a conversa. "Fora do estúdio, em sua vida cotidiana, você lida toda hora com mulheres muçulmanas que não usam o véu. Eu tenho que colocá-lo para a entrevista? Eu aceitaria se o pedido fosse feito para que eu satisfizesse Alá”, diz a jornalista. "Talvez você continue a usá-lo depois, quem sabe?", responde um ainda comedido Badri.
Durante a entrevista, contudo, uma pergunta sobre abusos sexuais perpetrados por religiosos em rituais de exorcismo tira Badri do sério. Ele diz que se trata de provocação e exige que se mude de assunto. Em resposta, a jornalista arranca o véu e rebate: "Desde o momento em que sentou aqui você tem gritado e zombado de mim, apesar de ter aceito 1.000 libras egípcias para dar uma entrevista. Que tipo de clérigo pede 1.000 libras?"
Badrid então questionou se o canal tinha por objetivo constranger seus convidados. "Você convida as pessoas para constrangê-las? Eu processei a TV Al-Nahar, como você bem sabe. Eu vou fechar o seu canal".
O bate-boca prosseguiu por mais alguns instantes até que a jornalista disse que quem deixaria a entrevista seria ela. Antes de sair do estúdio, Riham disse: "Esse é o tipo de pessoa que processa canais de televisão, ataca a imprensa e confessa isso em um programa para os espectadores. É lamentável ver esse tipo de gente propagando nossa religião.” Nocaute.
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