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sexta-feira, 21 de março de 2014

EDITORIAL - Princesas prisioneiras

O cativeiro de quatro filhas do rei da Arábia Saudita indica que as normas a que são submetidas as mulheres do país violam os direitos humanos

EL PAÍS

SOLEDAD CALÉS
Ser filha de rei e, além disso, de um país riquíssimo que nada em petróleo deveria ser, a princípio, uma grande vantagem na vida. E assim foi durante um tempo para as quatro filhas que o rei Abdullah da Arábia Saudita teve com Alanaoud Alfayez, sua segunda esposa. Em seus primeiros anos desfrutaram de uma vida tão presenteada como o resto da família Saud. Mas tudo mudou para elas em 2001, quando o Rei se divorciou de sua mãe e ela abandonou o palácio de Yeddah.

Desde então, as quatro filhas vivem no recinto presidencial submetidas a um regime de penúria impróprio de sua categoria e, o que é pior, sem liberdade, segundo denunciaram a mãe de Londres e duas delas, do cativeiro. Sem liberdade para decidir por si mesmas sobre suas vidas, apesar de serem pessoas adultas entre 38 e 42 anos, e sem liberdade sequer para sair ou entrar no palácio ou receber visitas. As quatro princesas são prisioneiras do pai e do regime patriarcal que o Rei representa.

A pergunta é inevitável: se isto acontece às mulheres da poderosa família real, que com frequência se permite o luxo de romper as férreas normas sociais que regem no país, o que não ocorrerá às demais mulheres?

O Rei Abdullah, de 89 anos, aparecia como um monarca moderno: permitiu que as mulheres votassem, que pudessem trabalhar em certas condições e até criou universidades femininas. Mas a história das princesas cativas coloca em evidência que a Arábia Saudita segue sendo regida por um sistema legal de tutela que coloca as mulheres sob o domínio perpétuo de um homem, seja o marido, o pai ou o irmão.

As mulheres estão proibidas de viajar, contratar, fazer gerenciamentos ou negócios e inclusive se submeter a certas operações cirúrgicas sem permissão do homem que tem sua tutela. E se nem sequer podem dirigir, menos ainda podem se casar sem permissão ou se divorciar. São os homens os que se divorciam delas.

O cativeiro das princesas não é só uma triste história mais própria da Idade Média que do século XXI. É o símbolo de um regime que tiraniza as mulheres. Se trata, portanto, de uma questão de direitos humanos que interpela os demais países e que, como tal, deve ser tratada pela comunidade internacional.

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