Marcelo Crescenti
De Milão para a BBC Brasil
A adolescente italiana de origem marroquina Chahida Sekkafi realizou um sonho e se tornou a primeira juíza de futebol da Itália a apitar jogos com o tradicional véu muçulmano, conhecido como hijab.
A menina de 16 anos foi autorizada pela Associação Italiana de Árbitros (AIA) a apitar jogos de futebol portando o tradicional "hijab", o véu usado por adeptos da religião muçulmana, e também calças compridas para cobrir as pernas.
Chahida mora na cidade de Sesto e Uniti, na província de Cremona, norte da Itália. Segundo sua mãe, que emigrou do Marrocos, ela sempre sonhou em apitar partidas de futebol. O fato de ela ter que se vestir de acordo com as normas religiosas não teria sido um grande problema.
Gian Mario Marinoni, presidente da seção de Cremona da AIA, diz que a garota "passou brilhantemente por todas as provas necessárias para a obter a licença de árbitro" e agora está apta a apitar jogos das categorias amadoras juvenis. "Ela tem talento", disse Marinoni, tutor de Chahida nos primeiros jogos.
Aproximar culturas
A aparição de uma árbitra com véu nos gramados italianos foi festejada pela mídia italiana como uma prova de que o futebol ajuda a aproximar as culturas. "Chahida combina as regras do mundo do esporte com o respeito pela cultura islâmica", comentou o respeitado jornal italiano La Repubblica.
Para poder apitar com o véu a juíza teve que obter uma permissão especial, que foi concedida pela AIA sem maiores problemas. Em seus primeiros jogos no campeonato amador juvenil de Cremona, a adolescente mostrou que pode impor respeito aos jogadores masculinos.
Chahida Sekkafi conta com o apoio da família: a mãe, que a acompanha a todos as partidas, jogou futebol no Marrocos quando era jovem e se declara apaixonada pelo esporte.
No Dia Internacional da Mulher, no começo deste mês, Chahida foi homenageada pela prefeitura de Cremona por ser um exemplo positivo para outras jovens.
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