Dorly Neto
Empreendedor social, criador do Benfeitoria
Não há nada que fere mais a consciência de um machista do que ter o seu direito de oprimir ameaçado. Mas o que é isso, o direito de oprimir?
Simples: qualquer ação da mulher que se afaste do que o homem considere 'certo ou errado', faz com que este mesmo homem perca o controle sobre a mulher. E ele, sem este controle, erroneamente se vê como 'menos homem', pois acha que é por meio da opressão que se faz a masculinidade. E essa opressão, quando ameaçada ou subjugada, se reflete na indagação 'como assim?':
"Como assim a mulher pode sair a hora que quiser? Como assim a mulher pode decidir não ter filhos? Como assim a mulher pode sentir calor na praia numa sensação térmica de 46 graus e querer mostrar os seios? Como assim ela usa uma roupa dessas, quer ser estuprada? Como assim ela levanta a voz para mim, está maluca? Como assim?"
A mulher, quando decide tomar as próprias rédeas de suas ações, joga um balde d'água no direito de oprimir do homem. E quando a ação é coletiva, este direito se torna mais ameaçado ainda. Por isso o feminismo se torna tão necessário, ainda mais em tempos onde alguns homens protagonizam cenas abominantes, como a recente tentativa de estupro em um vagão de trem da CPTM, em São Paulo.
Mas homens, entendam: nosso direito de oprimir, para deixar de existir, não depende apenas das ações organizadas de protesto das mulheres (que nós deveríamos apoiar, e não tentar ridicularizar). Precisamos abolir o nosso direito de oprimir, genuinamente, e torná-lo coisa do passado.
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