IBGE mostra que quatro em cada 10 mulheres brasileiras já foram vítimas.
Para o psicólogo Arthur Souza de São Carlos, a denúncia é importante.
Do G1 São Carlos e Araraquara
O projeto de lei que propõe o afastamento imediato do homem que ameaçou ou agrediu a mulher deve agilizar o socorro e prevenir novos casos de violência, segundo o psicólogo de São Carlos (SP) Arthur Adauto de Souza. Essa determinação, que antes era feita apenas pelo juiz, pelo novo projeto pode ser feita pelo delegado.
A votação ocorre na quarta-feira (2), na Comissão de Segurança Pública da Câmara. Depois ele passa por outras duas comissões e só então vai para votação em plenário. “Diante da morosidade da Justiça diante da Lei Maria da Penha, essa nova lei sendo aprovada vai promover uma agilização do socorro diante desta vítima de violência doméstica", afirmou Souza.
Mudanças
O projeto da lei afastaria o agressor com mais rapidez. Ele não poderá visitar o trabalho da mulher e nem se aproximar dos filhos e dos familiares. A medida será feita diretamente pelo delegado. “Até a mulher fazer o boletim de ocorrência, até chegar ao conhecimento da justiça ela já sofreu muita violência e não só a violência física, mas também a violência psicológica que deixam cicatrizes invisíveis. O que a gente precisa hoje é ter a consciência de buscarem seus direitos e buscar os equipamentos públicos”, explicou o psicólogo.
Para Souza, é importante que a mulher perca o medo de denunciar. “É preciso vencer as barreiras e contar com amigos, com a família e com os equipamentos públicos, só assim vamos coibir a violência”, relatou.
Estatística da violência
Segundo uma pesquisa do IBGE, quatro em cada 10 mulheres brasileiras já foram vítimas de violência doméstica. O psicólogo ressalta que de 2006 até hoje já foram registrados mais de 3 milhões de casos e a valorização desse novo projeto ajuda a coibir a violência.
Uma mulher de Rio Claro (SP), que preferiu não se identificar, foi agredida por anos pelo marido, mesmo com a existência da Lei Maria da Penha. “Eu tenho cicatrizes pelo corpo inteiro de coronhada de revólver, pedaço de pau. Ele falava que se eu me separasse dele ele me matava. Eu mudei e ele vinha na porta de casa, ele fazia escândalo, ele ficava gritando, brigando até o dia que ele entrou, foi quando ele quebrou meu dente, ai tive que ficar até com aquele colar no pescoço”, contou.
Para ela, a lei atual demora para agir. “Tinha dia que eu ia três quatro vezes na delegacia da mulher fazer boletim, chegava lá e falavam que eu tinha que falar com o juiz, ia no juiz ele dizia que tinha que chamar a polícia quando ele fizesse alguma coisa. Chamava a polícia e eles diziam que tinha que ir na delegacia da mulher. Isso ficou uns dois anos. Em muitos casos eu acho que a pessoa até desiste porque é muito cansativo”, lamentou.
Ela acredita que a nova lei possa mudar a situação. “Tem que ter uma lei que tome uma atitude mais rápida, porque senão acontece que nem em muitos casos, o cara vai e mata”, disse.
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