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domingo, 23 de março de 2014

porque os fundamentalistas religiosos não combatem o estupro

Por alex castro

só pode levar o estupro a sério quem valoriza a autonomia feminina.

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muita gente ficou chocada com o escândalo dos estupros em universidades evangélicas norte-americanas.

mas, se você é um conservador cristão, fica difícil até mesmo de VER o estupro como um problema, quem dirá puni-lo.

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para uma parcela mais conservadora e evangélica da sociedade, a sexualidade feminina é uma enorme fonte de problemas: segundo essas pessoas, o mundo estaria indo pro buraco por causa de mulheres que se vestem provocantemente e fazem sexo por vontade própria — e não apenas para fazer bebês ou agradar seus maridos.

mas, para quem vê o sexo como um problema, fica difícil de ver o estupro como algo além de apenas mais um pecado sexual.

para as pessoas que veem as mulheres como as guardiãs do sexo e da virgindade, a conclusão natural é que o estupro seria causado pelas mulheres: afinal, seria tanto (ou mais) responsabilidade delas não “provocar” os homens, quanto dos homens de não violentá-las.

portanto, como as escolhas sexuais dos homens seriam responsabilidade das mulheres, quando um homem decidisse estuprar uma mulher, ele estaria não dominando-a ou agredindo-a, mas simplesmente aceitando as “liberdades” que ela deve ter concedido.

a hipótese contrária, de que os homens de fato são responsáveis por suas próprias escolhas sexuais, poderia abrir a porta para muitas ideias subversivas, como que talvez não seja necessário policiar a sexualidade das mulheres para controlar os machos.

pior ainda, que as mulheres talvez sejam de fato oprimidas e não tenham o poder de controlar os desejos masculinos simplesmente sendo castas e bem-comportadas.

pior ainda ainda, lidar honestamente com a questão do estupro significaria tratar a autonomia sexual feminina como algo a ser valorizado — e não como algo que está destruindo a família brasileira e precisa ser combatido.

se estupro é uma violação da autonomia feminina, mas você acredita que a autonomia feminina é fundamentalmente pecadora e subversiva, então é difícil, se não impossível, levar o estupro enquanto crime a sério.

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traduzido e adaptado de “how the christian right’s bizarre sex obsessions let rapists off the hook“, de amanda marcotte, publicado no site alternet.

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