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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Apatridia infantil pode se tornar problema insolúvel, alerta ACNUR


Joe Hullman, 13, trabalha durante suas férias de verão no lixão de San Pedro de Macoris, na República Dominicana, procurando objetos de metal.
quinta 05. novembro 2015

Genebra, 03 de novembro de 2015 (ACNUR) - Crianças apátridas em todo o mundo compartilham os mesmos sentimentos de discriminação, frustração e desespero, informa um novo relatório da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) divulgado hoje. O documento alerta que são necessárias medidas urgentes para solucionar o problema e evitar que a apatridia assombre a infância destas crianças.
O relatório “I am Here, I Belong: the Urgent Need to End Childhood Statelessness” (em tradução livre “Eu estou Aqui, Eu Pertenço: A Necessidade Urgente de Acabar com a Apatridia Infantil”) é o primeiro a revelar os pontos de vista de crianças apátridas. Disponível em bit.ly/1NagAme, o documento ressalta que os problemas enfrentados por estas crianças   afetam profundamente sua capacidade de desfrutar a infância, levar uma vida saudável, estudar e realizar suas ambições.
O relatório “I am Here, I Belong” marca o primeiro aniversário da Campanha #IBelong Pelo Fim da Apatridia até 2024 – lançada em novembro do ano passado. A campanha possui uma Carta Aberta pela erradicação da apatridia no mundo, que pode ser assinada virtualmente emwww.unhcr.org/ibelong/carta-aberta/
Muitas das dezenas de jovens entrevistados para o relatório em sete países diferentes disseram que, por serem apátridas, enfrentam sérios desgastes psicológicos. Diversas vezes, estas crianças se consideraram "invisíveis", "estrangeiros" "vivendo nas sombras como um cachorro de rua" e "inúteis". Em todo o mundo, estima-se que existam cerca de 10 milhões de apátridas.
O Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres, reiterou que o relatório destaca a necessidade de acabar com o sofrimento das crianças apátridas em um mundo onde pelo menos uma criança nasce sem nacionalidade a cada 10 minutos.
"No curto tempo em que as crianças têm para ser crianças, a apatridia pode tornar definitivos problemas graves que irão assombrá-las ao longo de suas infâncias e sentenciá-las a uma vida de discriminação, frustração e desespero", disse Guterres. "Nenhum de nossos filhos deve ser apátrida. Todas as crianças devem pertencer a algum lugar", ressaltou o chefe do ACNUR.
Hoje, na sede da ONU, o Alto Comissário apresentará o relatório em um painel de discussão de alto nível sobre a importância do direito à nacionalidade. Para produzir o documento, mais de 250 pessoas, incluindo crianças, jovens e seus pais ou responsáveis, foram entrevistados na Costa do Marfim, na República Dominicana, na Geórgia, na Itália, na Jordânia, na Malásia e na Tailândia entre julho e agosto deste ano.
No relatório, as crianças contam os difíceis desafios que enfrentam ao crescer, muitas vezes à margem da sociedade, tendo negados os mesmos direitos que a maioria dos cidadãos desfruta. As crianças apátridas dizem que muitas vezes são tratadas como estrangeiras no país em que viveram por toda a vida.
Jovens apátridas são muitas vezes privados de oportunidades de qualificação escolar, de ir para a universidade ou encontrar um emprego decente. Eles enfrentam a discriminação e o assédio por parte de autoridades e são mais vulneráveis à exploração. Sua falta de nacionalidade muitas vezes os sentenciam, assim como suas famílias e comunidades, a continuar empobrecidos e marginalizados por gerações.
A apatridia também afeta o futuro dos jovens. Uma jovem mulher na Ásia disse aos pesquisadores do ACNUR que ela não tem como aceitar ofertas de emprego como professora porque é apátrida e só pode trabalhar em pequenos comércios locais. "Eu quero dizer que há muitas pessoas como eu", afirmou a jovem.
Para erradicar a apatridia, o ACNUR está promovendo o engajamento dos países e da opinião pública com a campanha #IBelong, lançada em 04 de novembro de 2014. Desde então, iniciativas regionais e ações estatais tem testemunhado o apoio da comunidade global a campanha.
Para acabar com a apatridia, o ACNUR solicita a todos os países que tomem as seguintes medidas:

  • Permitir que as crianças ganhem a nacionalidade do país em que eles nasçam caso corram o risco de se tornarem apátridas.
  • Reformar as leis que impedem as mães de passar sua nacionalidade a seus filhos nas mesmas condições dos pais.
  • Eliminar leis e práticas que impeçam as crianças de serem registradas por sua etnia, raça ou religião.
  • Garantir um registo de nascimento universal para prevenir a apatridia.

O relatório “I am Here, I Belong: the Urgent Need to End Childhood Statelessness” está disponível no site www.unhcr.org/ibelong/the-urgent-need-to-end-childhood-statelessness/
Sobre a campanha #IBelong – Em novembro de 2014, o ACNUR lançou a Campanha #IBelong pelo Fim da Apatridia até 2024. A apatridia é um problema relativamente fácil de resolver e prevenir. Com a necessária vontade política e apoio público, milhões de pessoas ao redor do mundo poderiam adquirir uma nacionalidade e impedir os seus filhos de nascerem apátridas.
A campanha #IBelong é apoiada por um Plano de Ação Global, que estabelece medidas concretas para os países ajudarem a resolver o problema. Ao adquirir uma nacionalidade, o número estimado de 10 milhões de apátridas no mundo, pode ganhar acesso total a seus direitos humanos e desfrutar de um sentimento de pertencimento nas suas comunidades.
Por: ACNUR

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