Acordo prevê auxílio a sul-coreanas escravizadas; para o chanceler japonês, é o 'começo de uma nova era das relações entre o Japão e a Coreia do Sul'
Um acordo firmado nesta segunda-feira (28/12) em Seul pelos governos do Japão e da Coreia do Sul prevê um pedido de desculpas oficial do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, por seu país ter forçado a prostituição de mulheres coreanas antes e depois da Segunda Guerra Mundial, entre 1932 e 1945, durante a ocupação da Coreia pelo Japão. No acordo, o governo japonês admitiu a participação de militares japoneses na escravização de mulheres.
EFE
Encontro realizado nesta segunda-feira (28/12) em Seul, capital da Coreia do Sul, foi anunciado na última sexta-feira (25/12)
Está prevista ainda uma quantia de 1 bilhão de ienes (R$ 32,8 milhões), paga por Tóquio, que irá para um fundo de reparação às vítimas. Segundo o ministro das Relações Exteriores do Japão, Fumio Kishida, o dinheiro não é uma compensação, e sim “um projeto para aliviar cicatrizes emocionais”. Ele afirmou que serão incluídos serviços médicos e apoio às vítimas, mas não especificou os detalhes do programa.
“Isso marca o começo de uma nova era das relações entre o Japão e a Coreia do Sul”, declarou Kishida à imprensa após o acordo ser firmado. Um comunicado conjunto dos dois governos diz que o premiê japonês “expressa outra vez suas mais sinceras desculpas às mulheres que foram submetidas a experiências dolorosas e sofreram incuráveis danos físicos e psicológicos como mulheres de conforto”. Kishida disse ainda que “o Japão sente fortemente a responsabilidade” por ter escravizado mulheres.
Não foi esclarecido se Abe irá fornecer uma declaração própria, nem se ele irá se dirigir diretamente às vítimas. Das cerca de 200 mil mulheres que foram escravas sexuais do Exército japonês, 46 ainda estão vivas.
Wikicommons
As cerca de 200 mil escravas do Exército japonês eram obrigadas a manter até 50 relações sexuais por dia; 46 ainda estão vivas
Ao longo das últimas décadas, a questão das escravas sexuais foi um dos principais entraves diplomáticos entre os dois países. Apesar do apelo da Coreia do Sul para que o Japão pedisse desculpas formalmente, pagasse indenizações e reconhecesse responsabilidade legal, o governo japonês se negou a tratar o assunto em várias ocasiões, declarando que a questão estava resolvida com o tratado de 1965, que restabeleceu as relações diplomáticas entre os dois países e forneceu um aporte financeiro a Seul. Até 1993, o governo japonês não havia admitido a existência das escravas sexuais.
A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, já classificou a questão como “o maior obstáculo” para o estreitamento das relações com Tóquio. Após conversar ao telefone com Abe, Park disse esperar que os dois países construam uma confiança mútua e iniciem uma nova etapa nas relações bilaterais.
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