Do UOL, em São Paulo 10/12/2015
Em uma palestra em São Paulo, na quinta-feira (3), o educador americano Jackson Katz falou sobre a importância do engajamento masculino no combate à violência e ao abuso sexual contra a mulher. Para Katz, mudar a socialização de meninos e a definição de masculinidade podem ajudar a diminuir as situações de agressão.
Em uma palestra em São Paulo, na quinta-feira (3), o educador americano Jackson Katz falou sobre a importância do engajamento masculino no combate à violência e ao abuso sexual contra a mulher. Para Katz, mudar a socialização de meninos e a definição de masculinidade podem ajudar a diminuir as situações de agressão.
"Os homens precisam entender que também se beneficiam com o feminismo, porque o mesmo sistema que produz os que abusam de mulheres traz à tona aqueles que agridem outros homens. Em vez de nos colocarmos contra as mulheres, criando apelidos como 'feminazi', alegando que as feministas querem 'matar todos os homens', devemos ter coragem de nos desafiar em apoio a elas", afirmou o educador.
Segundo Katz, a violência doméstica e sexual é enxergada como uma questão feminina porque tudo o que é relacionado a gênero, automaticamente, é ligado à mulher. "Para entender, é só trocar gênero por raça, por exemplo. Quando falamos de problemas raciais, pensamos nos negros. E por acaso os brancos não têm raça?", questionou.
A seguir, veja seis exemplos para repensar e entender como o papel do homem é essencial para a causa.
1 - Reaja a comentários machistas
Segundo o educador americano, ao se deparar com uma situação machista é nosso dever intervir e dizer o quanto aquilo é errado. A recomendação vale desde intervir ao ouvir uma piada sobre mulheres, em uma roda de amigos, até ao presenciar um homem tratando mal a namorada. "Se não fazemos nada, estamos omitindo nossa opinião e, consequentemente, sendo coniventes com aquilo."
2 - Reavalie o conteúdo que os meninos consomem na mídia
Durante sua palestra, Katz mostrou um vídeo para o público que fala sobre a evolução da violência em filmes e desenhos, que são vistos por milhares de garotos. Dos filmes de faroeste --nos quais se usavam pistolas e espingardas--, o cinema passou a investir em franquias como "O Exterminador do Futuro", em que um arsenal bem mais pesado entrou em cena. O americano também citou a transformação pela qual os heróis passaram, de tipos franzinos ao perfil "bombado". "Preciso ser fortão para ser considerado macho? Esse pensamento é totalmente equivocado", afirmou.
3 - Meninos também são vítimas da violência doméstica
De acordo com Katz, é errado tratar um garoto que presencia uma agressão contra a mãe como testemunha do caso. Essa criança também sofrerá consequências dessa violência e, portanto, é vítima. Ao ter esse modelo de comportamento dentro de casa, ele pode se traumatizar e repeti-lo.
4 - A influência do esporte
O educador e palestrante usou o boxe e o MMA, --sigla em inglês para artes marciais mistas-- para exemplificar o aumento da violência nos esportes de luta, consumidos majoritariamente pelo público masculino. Na visão do especialista, o boxe --modalidade em que técnica é requerida-- perdeu espaço para o MMA, no qual predomina a agressividade.
5 - Líderes precisam se envolver
Para Katz, a responsabilidade de quebrar os "padrões" de violência contra a mulher é dos homens adultos e poderosos. Na visão do palestrante, na sociedade patriarcal na qual vivemos, haveria uma queda de casos se esses líderes priorizassem o assunto.
6 - O efeito da pornografia
Não importa o quão evoluída esteja a indústria pornográfica, as mulheres sempre acabam como objetos do desejo sexual masculino, seja em um filme ou em uma revista. Segundo o americano, essa visão deturpada a respeito da função feminina no sexo também é ingrediente para pensamentos machistas, que se refletem em atos de abuso e violência.
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