A funkeira Valesca Popozuda, reconhecida por muita gente por seu discurso feminista, é polêmica. “Eu não quero que as pessoas me vejam como uma bunda, sem conteúdo. Eu quero as mulheres gritando comigo na frente do palco, quero elas junto comigo. Sou feminista mesmo, boto minha cara, sou guerreira porque venho de um útero feminista, de uma mulher guerreira que me criou, que morou na rua, que levou porrada para poder ter um lugar para eu morar, de deitar na cama com um homem sem gostar, para que a filha dela tivesse um teto. Então eu sei onde o calo aperta.”
Nas redes sociais, Valesca participa de várias campanhas feministas. Uma delas foi a #NãoMereçoSerEstuprada, que surgiu depois de uma polêmica pesquisa em que as pessoas diziam que “alguém que usa roupas ousadas merece o estupro”. No estudo, 26% dos entrevistados disseram que mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem a agressão.
Mariana Gomes, doutoranda da PUC-RJ, analisou as letras da funkeira para sua tese de mestrado. Temas de difícil debate, como agressão doméstica, são cantados de maneira explícita. A estudante acredita que a forma como Valesca aborda questões feministas de maneira direta são importantes para a sociedade. “A autoafirmação feminista dela fez o feminismo ganhar. Feminista era a lésbica, mal-amada, que não gosta de sexo, não se maquia, não arruma o cabelo, não gosta de homem e a Valesca veio para quebrar tudo isso”.
M’Ana
Ana Luísa Monteiro e a sócia Katherine Pavloski abriram uma empresa que oferece serviços de manutenção doméstica só para mulheres. Em quatro meses, elas já têm 70 clientes e também dão dicas na internet e cursos para outras mulheres.
Embora recebam críticas constantes por “fazer um trabalho masculino”, as sócias estão felizes com o crescimento da empresa e entendem o papel social que exercem, ao atenderem mulheres que sentem receio de contratar serviços oferecidos por homens.
Um dos trabalhos inesquecíveis de Ana Luísa foi o atendimento a uma mulher que não saía de casa há meses, depois de ter sofrido um estupro. A empresária se emociona ao lembrar do caso e diz que é difícil saber que mesmo tendo sido violentada, a mulher não é vista como vítima.
Lola Aronovich
Dolores Aronovich é uma das feministas mais atuantes do Brasil. Lola é autora do blog Escreva Lola Escreva, criado em 2008 e que já teve mais de 13 milhões de visualizações. “Desde o começo do blog eu já recebia alguns comentários negativos. A partir de 2011 começaram as ameaças de morte”. A bloqueira já registrou sete boletins de ocorrência, mas as ameaças nunca pararam.
O marido de Lola, Silvio Cunha, diz que se preocupa com as ameaças, mas que não deixa de viver a vida. “Se for levar a sério todas as ameaças que aparecem, e aparecem muitas, você vai ficar paranoico com isso e não vai sair de casa”.
Depois de anos de ameaças, Lola conseguiu identificar alguns de seus principais agressores. Marcelo Melo Silveira e Emerson Rodrigues mantinham uma página na internet onde divulgavam textos contra nordestinos, negros, judeus, mulheres e homossexuais. Além das mensagens agressivas, o blog continha imagens de adolescentes em situações eróticas.
Marcelo e Emerson ficaram presos por um ano e tiveram uma progressão de pena. Hoje, usam fóruns anônimos para espalhar suas mensagens de ódio.
Mulheres Negras
Em quatro ônibus, 130 mulheres de dois quilombos partiram do sudoeste baiano para participar da primeira Marcha das Mulheres Negras. O Brasil tem 49 milhões de mulheres negras, quase 25% da população. Segundo a organização, 50 mil participaram da marcha. A Polícia Militar contou 10 mil.
Na frente do Congresso Nacional, as mulheres negras encontraram um grupo que estava acampado há um mês pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os grupos discutiram por meia hora.
Marcelo Penha, um policial civil do Maranhão, estava acampado e tinha uma arma na mochila. Ele e outro policial foram presos por disparar tiros para o alto. Nenhuma mulher se feriu na confusão e a marcha terminou de maneira tranquila.
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