por menstruakill
Digamos que há uma indústria por aí.
Digamos que há uma indústria por aí.
Digamos que o lucro dessa indústria, só nos EUA, é de mais ou menos $13.3bi. Colocando numa perspectiva, é mais que a NFL, NBA e MLB juntas. É um valor mais alto que a NBC, CBS e ABC. Juntas.
Digamos que há uma indústria com uma movimentação de dinheiro maior que a Google, a Microsoft, a Amazon, o eBay, o Yahoo, a Apple e o Netflix juntos (e isso deveria te deixar muito, muito assustado).
O poder mundial de mercado dessa indústria é de $97 bi, assim, apenas caso 13.3 bilhões não fosse assustador o bastante.
Colocando em perspectiva? Os Emirados Árabes (onde óleo é literalmente mais barato que água) tem um PIB de $71.2 bi.
Se essa indústria fosse um país, ela seria capaz de COMPRAR o Egito. Ou a Venezuela. Se essa indústria fosse um país, seria o 36° no ranking mundial.
Agora digamos que essa indústria seja praticamente inteira sem regulamentação. Sem sindicatos, sem comitês, sem nenhum tipo de cuidado. O governo não fiscaliza e não se importa.
Digamos que eles tem seus dedos em todas as tortas possíveis, e que esperam que esse lucro apenas cresça com o passar dos anos.
Agora digamos que essa indústria sem regulamentação e de livre mercado tem a estatística seguinte:
* A expectativa de vida entre os trabalhadores dessa indústria é de 36.2 anos (isso é menos da metade da expectativa de vida nos EUA, que é de 78.6 anos).
Agora digamos que dentro dessa indústria, 66% de seus trabalhadores tem doenças contagiosas que podem diminuir sua qualidade de vida substancialmente, e que 1 em 10 tem uma doença que, hoje em dia, é uma sentença de morte (HIV).
Agora digamos que não existem exames obrigatórios ou balanços feitos pelo governo que assegurem que essas doenças não se espalhem por todos os trabalhadores dessa indústria; apenas um ou outro – que são pagos pelo próprio trabalhador. Nós também sabemos que 70% dessas infecções ocorrem em mulheres (principalmente mulheres com idades entre 18-26 anos), uma taxa 10x maior que na população geral.
Agora digamos que essa é uma indústria que basicamente reescreve seu cérebro. Ela muda como você vê os outros e a si mesmo.
Agora vamos chamar essa indústria do que ela realmente é:
PORNOGRAFIA.
Olha, eu não sou nenhuma beata. Eu não me baseio em fontes religiosas – eu critico a pornografia com bases humanistas e realistas. Eu não posso, eticamente, dar suporte à uma indústria que literalmente intercepta como seu cérebro processa excitação sexual para seu próprio benefício.
Por exemplo: seis horas de pornografia não-violenta começa a afetar o desejo do indivíduo por intimidade física (estranhamente, esse desejo diminui). Aparentemente, parece que ao invés de encorajar atividade sexual saudável, pornografia diminui sua capacidade de se envolver nela.
E como se isso não fosse ruim o bastante, de todos os 50 vídeos pornôs mais vendidos (totalizando 304 cenas), 90% incluem violência física contra a estrela; uma análise adicional mostra que desses 90%, 94% desses atos são cometidos contra a mulher.
Adicionalmente, outra pesquisa mostra que 9 em 10 homens consomem pornografia. O maior grupo de homens consumidores de pornografia online (o segmento desse mercado que mais cresce) é da faixa etária de 12-17 anos, o que significa que garotos que sequer podem dirigir carros estão reescrevendo a topografia de seus cérebros e se expondo à mídia na qual é totalmente aceitável cuspir, bater e ejacular em uma mulher.
Na verdade, um estudo de 2005 feito por Zillman e Bryant examinando as conexões entre consumo de pornografia e agressões resultou em uma prova tão clara dessas conexões que, por regulamentos éticos, esse estudo não pode ser reproduzido devido à inevitabilidade de prejudicar os indivíduos estudados.
Vamos repetir que:
Pornografia é tão nociva, de forma conclusiva e prejudicial, que o estudo provando essas conexões nunca foi aprovado. Isso o coloca na mesma posição que o Experimento Prisão Stanford, que quase resultou na morte dos indivíduos envolvidos.
Outro estudo, com o título de “Os Efeitos da Pornografia nos Relacionamentos Interpessoais” pela Ana Bridges na Universidade do Arkansas, notou que homens que viram QUALQUER amostra de pornô são mais inclinados a:
* Demonstrar falta de empatia por vítimas de estupro
* Acreditar que mulheres que se vestem “provocativamente” merecem ser estupradas
* Mostrar raiva contra uma mulher que flerta mas não quer fazer sexo
* Experimentar queda substancial no desejo por suas parceiras
* Demonstram interesse crescente em coagir parceiros em algum tipo de sexo não desejado
(O ultimo, só caso você não sabe, é conhecido pelo termo Estupro. Sabe, só pra ficarmos todos a par de tudo.)
Se isso não te deixar enjoado, acredito que nada irá.
O que torna isso tudo ainda pior é que, de todos os segmentos do mercado pornográfico, a pornografia infantil é a que mais cresce, com 60% dos domínios hospedados nos EUA. Apenas em 2008, a Fundação Internet Watch encontrou 1540 domínios individuais de pornografia infantil – e acredita-se que há muitos outros domínios escondidos na Us Enet e nos sites da Deep Web em que não se pode acessar usando um buscador comum.
Incidentalmente, a pornografia infantil teve um aumento de 82% na indústria de 1994 a 2006, implicando que não só o acesso ficou mais comum mas também que a porcentagem de pessoas acessando isso ascendeu como um foguete , fazendo com que até os oficiais e advogados se pergunta que diabos estão colocando na água dessa gente hoje em dia.
Incidentalmente, só caso alguém venha com “m-m-m-mas a pornografia é uma válvula de escape, assim os pedófilos não estuprarão crianças na vida real”, cala a boca, você tá errado!
De acordo com Michael Bourke, psicólogo chefe da Polícia Federal dos EUA, 85% dos homens presos por porte de pornografia infantil já tinham abusado sexualmente de uma criança. 80% desses homens eram abusadores ativos – isso significa que eles abusavam de crianças na época em que foram presos.
Vou quotar toda a passagem, porque isso dirá mais do que eu jamais serei capaz de dizer.
“De acordo com o Centro Nacional de Crianças Desaparecidas e Exploradas:
Num estudo sobre portadores de pornografia infantil, 40% já haviam vitimizado uma criança e estavam em posse de pornografia infantil. Desses presos em 2000 e 2011, 83% tinham imagens envolvendo crianças entre 6 e 12 anos; 39% tinham imagens de crianças de 3 e 5; e 19 tinham imagens de bebês com menos de 3 anos (Centro Nacional de Crianças Desaparecidas e Exploradas, Presos por Porte de Pornografia e Crimes Relacionados à Internet: Dados encontrados no Estudo Nacional Sobre Vitimização Juvenil Online).
É impossível separar o Entretenimento Adulto da exploração sexual infantil dado o fato que ambos operam embaixo da mesma estrutura de trabalho e, eventualmente, t em o mesmo público e mercado alvo. Se você não acredita em mim, procure um processo chamado Desensitization (que seria algo como insensibilizar, tornar insensível).
Ele diz que quanto mais você assiste algo e mais familiar você fica com isso, mais entediado você fica. É a ideia por trás das “drogas pra escapar”, exceto que, nesse caso, você começa com o seu pornô normal e adulto, eventualmente progride pra “ADOLESCENTES QUE ACABARAM DE FAZER 18 NO SPRING BREAK UHU!!!” e daí é só uma coçadinha e um pulo pra cair na terra da depredação infantil.
Voltemos à indústria e vamos fingir que membros da pornografia não estão rotineiramente estuprando crianças como profissão. Vejamos como a pornografia influencia os atores adultos envolvidos:
Vejamos como a Belladonna, um dos maiores nomes na indústria pornô (tida pela CNBC como uma das 12 mais populares estrelas pornô), tem a dizer sobre suas experiências:
“Eu gosto de esconder – esconder tudo, sabe? Eu não estou feliz… eu não gosto de mim de forma alguma, meu corpo inteiro sente quando estou fazendo as cenas e é tão… tão nojento.”
É bom destacar que, durante uma entrevista em 2003 com Diane Sawyer pro Primetime, Belladonna caiu no choro. Quando Sawyer a pergunto “Você sempre conta essas coisas horríveis que aconteceram com você. Mesmo assim, você sempre sorri. Por quê?” o sorriso de Belladonna sumiu e seus olhos encheram d’água. “É pra que eu não comece a chorar.”
Oh, merda. Isso não foi muito positivo. E essa é uma mulher que a indústria chama de “Contrato”; querendo dizer que ela tem um. Com o nome sendo quase como uma marca, ela tem um pouquinho de controle sobre com quem ela grava e quais cenas ela grava.
Deve ser notado o fato que Belladonna se recusou a fazer qualquer outra entrevista com a ABC, seguida de algumas objeções fortes em elogios feitos à ela por líderes da indústria pornô.
Outro nome grande, Jenna Jameson, já declarou que
“A maioria das garotas começa com filmes gonzo – nos quais elas são levadas em um apartamento-estúdio de merda em Mission Hills e são penetradas em todos os buracos possíveis por um bosta que acredita que o nome dela é Vadia. E essas garotas, das quais algumas devem ter o potencial pra se tornar estrelas grandes na indústria, vão pra casa jurando nunca fazer isso de novo por ter sido uma experiência tão horrível.”
O último quote – e possivelmente o pior de todos – vem de Linda Lovelace, a primeira estrela pornô moderna. Conhecida pelo filme Garganta Profunda, Linda Lovelace é creditada por ter ajudado a criar a indústria pornô como conhecemos hoje. Que seja, a experiência a deixou marcada, como ela conta em suas próprias palavras:
“Em respostas às sugestões deles, eu o informei que não me envolveria em prostituição de forma alguma e o avisei que queria ir embora. [Traynor] me batia e o abuso psicológico começou também. Eu literalmente me tornei uma prisioneira. Eu não era autorizada a sair de sua vista, nem mesmo pra ir ao banheiro, onde ele me assistia pelo buraco na porta. Ele dormia em cima de mim à noite, ele ouvia meus telefonemas com uma calibre 45 apontada pra mim. Eu apanhava e sofria abuso psicológico todo e cada dia. Ele cortou minhas ligações com outras pessoas e me forçou a casar com ele, aconselhado pelo seu advogado.”
Outro quote, igualmente perturbador, documenta sua primeira experiência na pornografia:
“Minha iniciação na prostituição foi um estupro grupal de cinco homens, arranjado pelo Sr. Traynor. Foi um ponto determinante na minha vida. Ele ameaçou atirar em mim se eu não continuasse. Eu nunca tinha experimentado sexo anal antes e isso me partiu ao meio. Eles me trataram como uma boneca inflável, me pegando e me colocando aqui e ali. Abrindo minhas pernas assim ou assado, enfiando suas coisas em mim e dentro de mim, brincando de dança das cadeiras com as partes do meu corpo. Eu nunca me senti tão assustada e desgraçada e humilhada na minha vida. Eu me senti como lixo. Me envolvi em atos sexuais por pornografia contra a minha vontade pra evitar ser morta. As vidas de meus familiares foram ameaçadas.”
Agora, o que a maioria das pessoas não sabem e que é, possivelmente, a pior coisa que Lovelace presenciou. Por um vislumbre de horror, há um vídeo tão horrível que ela se recusou a reconhecer que participou nele de qualquer forma, até uma cópia vazou e a prova conclusiva foi dada.
É chamado “Cachorro Comedor” e é, provavelmente, auto-explicativo. Linda Lovelace é forçada a ser penetrada por um cachorro, em frente à câmera, contra sua vontade. Ela foi forçada a gravar depois de seu marido/agente/abusador/estuprador apontar uma arma em sua cabeça e lhe dar duas opções: gravar o filme ou comer uma bala. Eu não vou entrar em mais detalhes, isso é suficiente pra dizer o tipo de abuso que tem sido pra grande parcela da pornografia desde sua inserção moderna, nos anos 70.
Agora esse texto já tem mais de 2000 palavras, então eu vou encerrar com o seguinte pensamento:
Se fosse qualquer outra indústria, qualquer outra profissão, com esses depoimentos e essas estatísticas, ALGUÉM defenderia? Seria considerado ao menos defensável? As pessoas boicotaram o Wal-Mart por muito menos!
Pornografia no entanto, parece ser intocável; pessoas ‘sex-positive’ argumentam que é uma maneira saudável de manifestar a sexualidade adulta gravada pro prazer sexual de outros adultos – mas o ponto é que as estatísticas provam o contrário e conclusivamente mostram que o pornô não só influencia negativamente a sexualidade dos indivíduos como diretamente influencia a maneira como eles veem (e tratam) os outros (pra pior).
Texto Original escrito por Lesbolution.
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