Contribua com o SOS Ação Mulher e Família na prevenção e no enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar

Banco Santander (033)

Agência 0632 / Conta Corrente 13000863-4

CNPJ 54.153.846/0001-90

sábado, 24 de setembro de 2016

Transgênero: origem pode ser biológica e começar na gestação

Hipótese científica é de que, no transgênero, a identidade que se forma no cérebro, feminina ou masculina, não esteja em sintonia com o órgão sexual.


 23/09/2016
Adolescência. Nenhuma palavra define tão bem essa fase da vida quanto intensidade. Alegrias e angústias no nível máximo. E Luan já conhece bem esses dois sentimentos extremos. Com tão pouca idade, ele se viu diante de um caminho difícil. O menino risonho, inteligente, carinhoso por muito tempo não teve vontade de sorrir. Dentro das quatro paredes do quarto, ele guardava um segredo. Luan vivia um drama incomum: o de não se sentir bem no próprio corpo.
Luan não nasceu Luan. Veio ao mundo como menina e até dois anos atrás era chamado de Luara, o nome de batismo.
“Eu ficava no meu quarto implorando para que eu virasse um menino, que aparecesse uma fada madrinha e falasse: 'agora você é um menino!' Eu falava: ‘eu juro que eu vou ser uma pessoa melhor’. E é o que eu venho buscando todos os meus dias: ser uma pessoa melhor”, conta o estudante Luan Munhão Serra.
A fada madrinha nunca apareceu, mas na internet Luan encontrou uma palavra mágica: transgênero. Era a explicação para tantos sentimentos confusos. E como foi duro criar coragem de libertar o segredo das quatro paredes do quarto.
“Por quatro anos eu fiquei trabalhando isso, eu comigo mesmo. E aí eu contei para uma amiga minha e ela me ajudou, depois de umas duas semanas de eu ter contado para ela, a falar para minha mãe”, lembra.
Dia após dia, a família aprende a vencer cada desafio. E foi atrás de ajuda no ambulatório de identidade de gênero e orientação sexual do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Luan teve acompanhamento de psicólogos e psiquiatras, que confirmaram: ele é um menino transgênero.
“Esse indivíduo tem um intenso sofrimento e uma sensação de inadequação ao seu sexo biológico”, explica Alexandre Saadeh, psiquiatra do HC-USP.
Não existe uma causa comprovada para essa inadequação. O que se sabe é que, durante a gestação, a identidade feminina ou masculina é formada no cérebro do bebê depois do desenvolvimento dos órgãos sexuais. No caso dos transgêneros, existe uma hipótese científica de que essa identidade não esteja em sintonia com o órgão sexual.
“A genitália se desenvolve para um lado e o cérebro para o outro. Isso vai se dar por influência de alguns hormônios e algumas substâncias que podem estar circulando pela placenta e pelo cordão umbilical. E aí esse cérebro feminino numa genitália masculina, ou ao contrário, cérebro masculino numa genitália feminina, pode explicar a questão da transexualidade", afirma o psiquiatra.
No ambulatório, a família de Luan descobriu que não estava sozinha. No início o ambulatório só era procurado por adultos, mas no fim de 2010 as primeiras famílias com crianças e adolescentes transgêneros começaram a chegar ao local.
Os menores são atendidos numa sala cercados de brinquedos e de muita atenção. Hoje o ambulatório tem 100 pacientes com menos de 18 anos de idade. Eles são acompanhados por psicólogos, psiquiatras, profissionais de diversas áreas. Essa equipe também tem a missão de ajudar as famílias a lidar com os filhos e, assim, aliviar o sofrimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário