Alan Lima - 21 set, 2016
A gente é ensinado desde pequeno a ser “macho de verdade”. Um ser humano que não chora, não reclama, não tem essas frescuras de “mulherzinha.” O tempo passa e a cobrança só se afasta do bom senso. Olha, você precisa transar e logo e muito. Nada de falar dos sentimentos na rodinha de amigos, as crianças crescidas pra serem “machos de verdade” querem agora saber apenas de biologia. É só a parte menos psicológica.
E assim, grupos de homens vão fingindo que não sentem, defendendo suas masculinidades mais do que suas saúdes, e caindo no teatro mais imbecil; mostrar alguma humanidade apenas quando é para parecer fofo.
Um efeito de tanto esforço para ser um “superman” é triste; o número de homens que se suicidam chega a ser seis vezes maior do que o de mulheres. Embora em matéria de mortes, não há o que comemorar. Mesmo o número de mulheres que se matam sendo menor, todo suicídio é trágico ( Não entremos no jogo bobo de reduzir vida às estatísticas).
Qualquer pessoa, independente do gênero biológico ou social, que se recusa a cuidar de sua saúde mental está correndo riscos. Não seria diferente com homens.
Mas é isso que está no discurso do senso comum. O “homem da casa” não pode sofrer, ele é imbatível, um superman, herói, invencível, suas doenças todas são tratadas numa passadinha rápida na farmácia. Nada de choro, tristeza, ele vai carregar e comandar tudo e todos. Desgraçando a sua própria felicidade, adoecerá as pessoas que estiverem em sua volta.
Homem chora sim. E não estou falando do choro do galã pra ser bem visto pela mocinha. Falo de agonia, desespero diante das incertezas, de não poder mais sustentar uma cultura que rouba sua humanidade em prol de privilégios.
Sensibilidade não é uma habilidade de conquista em paqueras. Nem é coisa só de poesia. É intrínseco a nós, seres humanos, e ninguém precisa matá-la em prol de ser “macho de verdade”. Aqueles que negam suas fragilidades, estão por aí, tentando provar com tomadas de poder, o que só funcionaria bem para todos com solidariedade.
Dizer o que você sente, admitir que sexo não é só biologia, perceber que a casa precisa mais de amor e cuidado do que de um “homem da casa”, não exigir aplausos por fazer o bem-óbvio, melhora sua vida mais do que sua força.
Deixe o superman para os filmes, é só na lente das câmeras que ele funciona. Na vida real, o superman só destrói o homem. Ao invés de voar mais alto que todo os outros, você pode ir caminhando ao lado; assim ouvirá o que eles têm a dizer.
Não precisa fingir que é uma capa de herói, a linda cortina que você quer levar pra decorar sua casa.
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