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quarta-feira, 29 de março de 2017

3 em cada 4 famílias preferem deixar filhos menores de 4 anos em casa a matriculá-los em creches, diz IBGE

Responsáveis alegam que ambiente doméstico oferece melhores condições de cuidados, no entanto, maioria diz ter interesse em creche. Levantamento foi feito em 2015.

Por Daniel Silveira, G1 Rio
29/03/2017

Três entre quatro famílias brasileiras preferem manter os filhos menores de 4 anos dentro de casa a matriculá-los em creches ou escola. No entanto, a maior parte dos responsáveis por estas crianças diz ter interesse pela creche. É o que aponta um estudo divulgado nesta quarta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo foi feito a partir de dados coletados em 2015 na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Naquele ano, havia no país, conforme as estimativas do IBGE, 10,3 milhões de crianças com menos de 4 anos de idade, o que correspondia a 5,1% do total da população.

De acordo com o levantamento, do total das crianças nesta faixa etária, apenas 25,6% estavam matriculadas em creches ou instituições semelhantes. Dentre as famílias que optavam por deixar as crianças integralmente em casa, 76,7% consideram que o ambiente doméstico oferece melhores condições de cuidados, alimentação, afeto e segurança aos pequenos.

Apesar da grande prevalência das crianças no lar, 61,8% dos responsáveis por ela disseram ter interesse em matriculá-las em creches. “Quanto mais velha esta criança [na faixa etária entre 0 e 3 anos e 11 meses], maior o interesse pela matrícula dela em creche”, destacou a pesquisadora do IBGE Adriana Araújo Beringuy.

Segundo o estudo, o interesse pela matrícula em creche das crianças com menos de 1 ano atingia o percentual de 49,1%. Para crianças de 1 anos de idade, o interesse aumentava para 58,4%. Já para crianças com 2 anos, o percentual foi de 71,6%, chegando a 78,6% para as crianças com 3 anos de idade.
Gráfico mostra interesse pela matrícula de crianças menores de 4 anos em creches ou escolas (Foto: Reprodução/IBGE)
Gráfico mostra interesse pela matrícula de crianças menores de 4 anos em creches ou escolas (Foto: Reprodução/IBGE)

O levantamento apontou que o rendimento médio mensal domiciliar per capita das crianças com menos de 4 anos que permaneciam integralmente no local onde moravam era de R$ 550, o que representava 56,6% renda média domiciliar per capita daquelas que frequentavam creche ou escola, que era de R$ 972.

Além disso, a pesquisa mostrou que quanto mais baixo a renda domiciliar, maior era o interesse pelo ingresso da criança em creche ou escola.

Informação sobre vagas
A pesquisa mostrou ainda que dentre as famílias que tinham interesse em matricular as crianças em creches, a maior parte (56,8%) não tomaram qualquer ação neste sentido.

Dentre as que tomaram alguma atitude, 58,7% apenas buscaram se informar sobre a oferta de vagas, enquanto 37,3% fizeram inscrição em fila de espera por vagas. Outros 3,8% buscaram ajuda de parentes, conhecidos ou amigos que poderiam ajudar a conseguir uma vaga. O percentual das famílias que recorreram à Justiça para conseguir a matrícula foi de apenas 0,2%.

“Essas medidas tiveram diferenças regionais como, por exemplo, no caso do Norte e do Nordeste a ação mais recorrente era procurar informação sobre a existência de vagas em secretarias de educação e prefeituras, ao passo que nas regiões Sul e Sudeste se observou uma incidência maior de inscrição em filas de espera”, ressaltou a pesquisadora Adriana Beringuy.

Horário integral
Dentre as 10,3 milhões de crianças na faixa etária abaixo de 4 anos de idade, 17,1% passavam os turnos da manhã e da tarde em creche ou instituição congênere. A grande maioria (78,6%), porém, permanecia, nos dois turnos, no próprio domicílio onde residiam. Outros 4,4% ficavam em outro domicílio que não o próprio lar.

Dentre os responsáveis pelas crianças que passavam a maior parte do tempo dentro da própria casa onde residiam, apenas 4,7% disseram ser esta a única opção disponível. Outros 3,4% disseram que o motivo da escolha era não ter condições financeiras para outra opção.

A grande maioria (76,7%) afirmou que a opção por deixar a criança no mesmo local sob os cuidados da mesma pessoa era motivada por melhores condições de cuidados, alimentação, afeto e segurança.

“A prevalência desse motivo, analisada conjuntamente com o fato de que, na maioria dos casos, as crianças de menos de 4 anos de idade permaneciam durante todo o dia no domicílio em que residiam com um dos seus responsáveis pode indicar que o próprio domicilio, na avaliação dos responsáveis pelas crianças, oferece as melhores condições citadas”, destaca o estudo.
Famílias apontam que o lar oferece melhores condições de cuidados para crianças menores de 4 anos (Foto: Reprodução/IBGE)
Famílias apontam que o lar oferece melhores condições de cuidados para crianças menores de 4 anos (Foto: Reprodução/IBGE)

Cuidado no lar
Do universo de crianças que permaneciam manhã e tarde no domicílio onde moravam, 74,5% ficavam sob os cuidados de um dos seus responsáveis, 1,6% com outro morador e 2,5% com uma pessoa não moradora do domicílio.

“Parece que o arranjo de cuidado que a família encontra varia muito com a idade da criança. Há uma tendência da criança ir para outro local que não a residência quanto maior ela é”, ressaltou a pesquisadora Adriana Beringuy.

A pesquisadora destacou que a pesquisa não é capaz de determinar se o responsável pela criança era necessariamente a mãe ou o pai. No entanto, foi possível identificar que 87,9% destas crianças tinham dois responsáveis, sendo que as mulheres foram apontadas em 83,8% dos casos como a responsável principal.

“É possível que a maioria [do primeiro responsável] era a própria mãe”, ressalvou Adriana.

Perfil dos responsáveis
Segundo a pesquisadora, a questão da PNAD que perguntava sobre o responsável pela criança era subjetiva, podendo levar o entrevistado, por exemplo, a interpretar que o responsável era quem assumia o custeio financeiro da mesma, ou aquele que dedicava maior tempo ao seu cuidado.

Chamou a atenção dos pesquisadores o recorte por faixa etária dos responsáveis por estas crianças. Quando o responsável tinha entre 18 e 29 anos, 51,4% eram mulheres. Já quando tinha entre 30 e 39 anos, 45,4% eram homens.

Ainda com o objetivo de traçar o perfil dos responsáveis pelas crianças nesta faixa etária, o estudo observou que 52,2% dos primeiros responsáveis tinham 11 anos ou mais de estudo e 52,1% estavam ocupados na semana de referência.

“O que chamou a atenção é que quando considero a condição de responsável essa proporção de ocupação é ampliada para homens em relação às mulheres”, observou a pesquisadora. Segundo o estudo, quando o primeiro responsável pela criança era homem a taxa de ocupação dele era de 89%, enquanto para mulher era de apenas 45%.

Conforme destacou a pesquisadora, as pesquisas do mercado de trabalho já apontam que a taxa de desocupação no país é maior entre jovens e mulheres.

Meta do PNE
O estudo feito pelo IBGE foi solicitado pelo Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) com foco em monitorar o Plano Nacional de Educação (PNE), estabelecido em 2014. O plano tem entre seus objetivos principais a matrícula escolar na primeira infância, compreendida como os primeiros seis anos de vida da criança.

A primeira meta do PNE era universalizar, até 2016, o ingresso na pré-escola, destinada a crianças entre 4 e 5 anos. Segundo a pesquisadora do IBGE Adriana Beringuy, as pesquisas mostram que a meta não foi alcançada, já que no ano passado 84% das crianças nesta faixa etária estavam matriculadas, não os 100% estipulados pelo MDS.

A segunda meta é de que pelo menos 50% das crianças com menos de 4 anos de idade estejam frequentes em creches até o ano de 2024. Em 2011, segundo o IBGE, o percentual de crianças nesta faixa etária matriculadas em creches era de apenas 10,6%. Em quatro anos, o percentual mais que dobrou, já que chegou a 25,6% no ano passado.

"Estudos mostram que quanto maior o investimento em educação nos primeiros anos de vida, maior é o retorno no longo prazo. Crianças que frequentam a creche têm mais chance de ter maior frequência e aproveitamento nas próximas fases escolares, além de garantia de maior e melhor inserção no mercado de trabalho e menor ingresso na criminalidade", ressaltou a pesquisadora do IBGE Adriana Beringuy.

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