23/06/2017
As mulheres devem buscar a emancipação e a autonomia política, física e econômica, afirmou na terça-feira (20) a secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena, durante uma apresentação no Fórum Forbes Mulheres Poderosas 2017, realizado na Cidade do México.
Em seu discurso, a representante do organismo regional das Nações Unidas afirmou que as mulheres da região têm de alcançar a igualdade, mas com titularidade de direitos, “não por ter mais dinheiro ou menos, nem por ter mais ou menos meios, nem apenas por vontade individual”.
Segundo ela, a autonomia econômica das mulheres é fundamental, pois representa a verdadeira emancipação. No entanto, advertiu ela, na região a pobreza “têm o rosto de mulher”.
Ela lembrou que na América Latina e no Caribe 75 milhões de pessoas sofrem com a extrema pobreza, enquanto 185 milhões vivem na pobreza.
A isso se soma a ampla diferença salarial entre homens e mulheres, que ainda é de 18% na região. “Isso não é justo. Temos que lutar para que as mulheres recebam o mesmo salário que os homens pelo mesmo trabalho”, disse.
Em termos de autonomia física, Bárcena enfatizou que o direito sexual e reprodutivo é essencial. “Trata-se de decidir sobre nós mesmas; nosso corpo, nosso território”, declarou.
Ela completou que a gravidez adolescente deve ser abordada de forma eficaz, sendo esta uma das expressões mais profundas da desigualdade, afetando principalmente as populações mais pobres das sociedades latino-americanas e caribenhas. Ela pediu também o fim da mortalidade materna e a divulgação de seus indicadores.
Bárcena advertiu que “o grande flagelo existente em nossa região ainda é a violência contra as mulheres”, e completou que, apesar de múltiplas iniciativas, continua sendo um grave problema não apenas nos domicílios mais pobres como também nos de alta renda.
Quanto à tomada de decisões, as mulheres precisam de mais participação nas hierarquias, maior acesso a ativos financeiros e à propriedade de terra, disse. Segundo ela, a presença das mulheres nos âmbitos de poder ainda não supera os 30%.
Bárcena lembrou que a igualdade de gênero é um eixo da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. Segundo ela, há três eixos indispensáveis da política que devem ser aplicados para alcançar a igualdade para as mulheres: a redistribuição de renda e do tempo, que considere a economia do cuidado; romper o silêncio estatístico para visibilizar a situação das mulheres; e finalmente, impulsionar políticas públicas deliberadas para resolver as desigualdades de gênero.
“Acredito que a aposta é em um novo estilo de desenvolvimento, uma tarefa política. É necessário uma direção clara e mudar a conversa. A igualdade é o horizonte, e devemos passar da cultura do privilégio para a cultura da igualdade”, concluiu.
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