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sexta-feira, 16 de junho de 2017

Colossal: um filme sobre gigantes e poder feminino

Anne Hathaway e o diretor Nacho Vigalondo usam um filme de monstros como metáfora para relacionamentos abusivos

NINA FINCO
14/06/2017

Nem sempre é uma boa ideia misturar muitos gêneros num mesmo filme. Mas o diretor e roteirista espanhol Nacho Vigalondo consegue uma proeza com Colossal, que estreia nesta quinta-feira (15). Ele une aspectos de kaiju (gênero de filme oriental com monstros, como Godzilla), comédia, romance e drama psicológico para contar uma história sobre a perda – e a recuperação – do poder de uma mulher. A mensagem vem distribuída em tantas camadas que é entregue sem alvoroço. O espectador percebe o que assistiu só depois de deixar o cinema. 
Anne Hathaway é uma escritora desempregada e à beira do alcoolismo que descobre ter uma ligação misteriosa com um monstro que ataca a cidade de Seul, na Coreia do Sul no filme Colossal (Foto: Divulgação)
Anne Hathaway é uma escritora desempregada e à beira do alcoolismo que descobre ter uma ligação misteriosa com um monstro que ataca a cidade de Seul, na Coreia do Sul no filme Colossal (Foto: Divulgação)




















Anne Hathaway, que também assina a produção executiva do filme, é Gloria, uma escritora americana à beira do alcoolismo que descobre ter uma ligação misteriosa com um monstro que ataca a cidade de Seul, na Coreia do Sul. Logo no início do filme, Gloria é expulsa do apartamento de seu namorado, Tim, por seu constante comportamento irresponsável: ela bebe todas as noites e está sem emprego há um ano. Tim entrega um discurso moralista e sai correndo (literalmente), deixando-a sem rumo.
Gloria acaba voltando a sua cidade natal no interior do estado de Nova York para morar na casa vazia de seus pais falecidos. Vazia, aqui, não é exagero: não há um único móvel no local. No caminho de volta de uma loja de colchões, Gloria encontra Oscar (Jason Sudeikis), um velho amigo de infância que nutriu uma paixonite por ela e, agora, pode dar uma de salvador da pátria.
Até então, Colossal parece mais uma comédia romântica que termina com a garota problemática sendo salva por um tipo esquisitão que não seria a primeira opção de ninguém, mas que, no fundo, é incrível. No entanto, a narrativa vai muito mais longe, pois Oscar está em cima de um muro que separa “amizade” de “obsessão”. Ele oferece emprego, doa móveis e é um ótimo ouvinte. Mas essas boas ações não vêm de graça.
Em meio a tudo isso, notícias de um monstro que aparece em Seul começam a intrigar Gloria – principalmente depois de descobrir que ele já havia assolado a cidade 25 anos antes. Ela liga os pontos ao ver que ambos dividem o mesmo tique nervoso de coçar a cabeça: Gloria é o monstro. A ideia parece hilária, mas com o desenrolar da história o público percebe que os monstros são alegorias para uma história sobre abuso emocional, vício e traumas de infância escondidos.

No terceiro ato, o filme perde o brilho do romance e a graça das piadas para dar lugar a um retrato triste e até mesmo assustador de relações abusivas. Por trás da fantasia e dos efeitos especiais, há uma mulher que luta contra seus próprios demônios e um homem violento. Claro que Colossal tem diversos pontos soltos que poderiam ser mais bem aproveitados para a narrativa, mas Vigalondo demonstra que mesmo os gêneros mais bobos podem ser usados para contar histórias profundas – o próprio Godzilla surgiu como uma mensagem de alerta para os testes nuclearesColossal não diminui a importância do alerta transformando a mensagem em algo trivial. Escolhe explicar por meio de metáfora algo muito mais fácil de absorver. E vamos combinar: uma mulher que encontra sua força interior é inspiradora, mas uma que encontra seu gigante poderoso interior é muito mais legal.

Época

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