Segundo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram 221.238 registros no ano passado. Número de mulheres assassinadas aumentou 6,1% no ano passado.
Por Paula Paiva Paulo e Cíntia Acayaba, G1 SP
09/08/2018
O 12º Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelou nesta quinta-feira (9) que em 2017 o Brasil teve 221.238 registros de violência doméstica, o que significa 606 casos por dia. São registros de lesão corporal dolosa enquadrados na Lei Maria da Penha.
É a primeira vez que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública tabula esses dados. De acordo com o anuário, o país bateu novo recorde de assassinatos em 2017, com 63,8 mil mortes.
Os números de violência contra a mulher devem ser ainda maiores, já que Distrito Federal, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso e Roraima não informaram os dados. As piores taxas estão em Santa Catarina, com 225,9 casos a cada 100 mil habitantes, seguida por Mato Grosso do Sul (207,6) e Rondônia (204,9).
“A gente não pode deixar de lado o debate sobre violência de gênero. A violência contra a mulher continua sendo um tema central pra gente debater inclusive desenvolvimento. Com esses índices não dá para pensar em ser um país desenvolvido de fato. É muito alto”, disse Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum.
O fórum também contabilizou o número de mulheres vítimas de homicídio no ano passado: 4.539 (aumento de 6,1% em relação a 2016). Desse total, 1.133 foram vítimas de feminicídio.
“A violência contra a mulher no Brasil é de algum modo aceita, já que ela é um elemento da história”, analisa Renato Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O especialista destaca a necessidade de treinamento dos agentes de segurança pública. “Da mesma forma que um policial é treinado para usar uma arma de fogo na academia, nós do fórum estamos incentivando a adesão de protocolos para que esse policial saiba acolher uma mulher vítima de violência, esteja ele numa delegacia de interior ou na capital”.
Estupros
O número de estupros cresceu no país no período. Foram 60.018 casos registrados no ano passado, um aumento de 8,4% em relação a 2016.
Segundo Samira, esse é o crime mais subnotificado dos dados. “A mulher tem vergonha, a mulher tem medo. É muito pior do que parece”.
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