Mulheres dominaram as apresentações da cerimônia, e também tiveram seus trabalhos reconhecidos levando grande parte dos prêmios
por Soraia Alves
11.fev.2019
A 61ª edição do Grammy se propôs a ser uma maior celebração à diversidade, seguindo os passos do que já começou na edição de 2018. Mas, diferente da cerimônia anterior, neste ano a representação, principalmente feminina, veio além do espaço concedido em performances e apresentações, já que muitas mulheres tiveram seus trabalhos reconhecidos com a premiação, caso de Cardi B, que entra para a história como a primeira mulher a levar a categoria “Melhor Álbum de Rap”por um trabalho solo.
Essa foi, sem dúvidas, uma cerimônia pautada no feminino, e que deu espaço para as mulheres em diferentes formas, começando com o comando da premiação nas mãos de Alicia Keys – primeira mulher a apresentar o Grammy em mais de uma década.
Desde as apresentações de Janelle Monáe, com uma clara exaltação à liberdade sexual feminina, de Dolly Parton e suas convidadas, de H.E.R, de Cardi B, de Lady Gaga, de Jennifer Lopez em homenagem à Motown, e de Diana Ross, até as vencedores de fato, como Kacey Musgraves (“Melhor Álbum Country” e “Álbum do Ano”), St. Vincent (“Melhor Música de Rock”) e Dua Lipa (“Artista Revelação”)… tudo girou em torno das mulheres.
E um dos momentos de maior relevância, Lady Gaga, Jada Pinkett Smith, Jennifer Lopez e Michelle Obama surgiram juntas ao palco com discursos sobre como a música traz histórias únicas para cada pessoa e ajuda a mudar a realidade daqueles que nem sempre são vistos “com bons olhos” pela sociedade. “Quer gostemos de country, rap ou rock, música nos ajuda a dividir nossas vidas, nossa dignidade, nossas tristezas, esperanças e alegrias. Nos permite escutar uns aos outros, nos permite convidar outras pessoas para dentro de nossas vidas”, disse Michelle Obama.
Outro ponto bem interessante no Grammy 2019 foi o reconhecimento de Childish Gambino com “This is America”, que levou “Melhor Clipe”, “Música do Ano” e a sempre desejada categoria “Gravação do Ano”. Ter uma canção tão crítica e que fala abertamente do racismo nos Estados Unidos sendo premiada é, no mínimo, bem considerável. Não é novidade a indicação de músicas críticas às principais categorias do Grammy, especialmente de rappers, mas não deixa de ser relevante a vitória de Childish Gambino, principalmente pelo impacto causado com o clipe da canção, carregado de simbologias e que fez muita gente revirar os olhos afirmando ser “violento demais”.
O Grammy trouxe ainda um ode à cultura latina com a apresentação de Camila Cabello, J Balvin e Ricky Martin, em um cenário representando bairros tipicamente latinos.
O Grammy 2019 deixa a impressão que o conservadorismo, pelo menos nesta edição, não teve mesmo espaço, inclusive nos discursos de agradecimento – ao se dizer surpresa e emocionada com seu prêmio, Cardi B soltou um sonoro “Acho que eu preciso fumar maconha”.
Resta sabermos se essa é realmente uma nova postura da premiação ou quantas edições isso vai durar.
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