Lançado na última segunda-feira (18), novo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) destaca que um em cada cinco homens da região morre antes dos 50 anos – muitas dessas mortes estão diretamente relacionadas a uma “masculinidade tóxica”.
O documento afirma que as expectativas sociais em relação aos homens — de serem provedores de suas famílias; terem condutas de risco; serem sexualmente dominantes; e de não discutirem suas emoções ou procurarem ajuda — estão contribuindo para maiores taxas de suicídio, homicídio, vícios e acidentes de trânsito, favorecendo também o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis.
A expectativa de vida dos homens na região das Américas é 5,8 anos menor que o número das mulheres. Isso acontece, em parte, porque as expectativas da sociedade contribuem para comportamentos de busca de riscos, revela um novo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a representação nas Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Masculinidades e saúde na região das Américas
O resumo executivo do relatório “Masculinidades e saúde na região das Américas” destaca que as expectativas sociais em relação aos homens — de serem provedores de suas famílias; terem condutas de risco; serem sexualmente dominantes; e evitarem discutir suas emoções ou procurar ajuda — estão contribuindo para maiores taxas de suicídio, homicídio, vícios e acidentes de trânsito, bem como para o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis.
“Não devemos perder de vista o fato de que as mulheres assumem riscos diferenciais associados a sua condição de mulher”, disse Anna Coates, chefe do escritório de Equidade, Gênero e Diversidade Cultural da OPAS.
“Mas a socialização dos homens também leva a uma ampla gama de problemas de saúde que só podem ser resolvidos por meio de políticas, programas e serviços de saúde receptivos que foquem em suas necessidades particulares”, completou.
O relatório também destaca que um em cada cinco homens morre antes dos 50 anos e muitas das principais causas de morte nas Américas — incluindo doenças cardíacas, violência interpessoal e acidentes de trânsito — estão diretamente relacionadas a comportamentos “machistas” construídos socialmente.
Construções sociais em torno da masculinidade
Segundo o relatório, os papéis, normas e práticas de gênero socialmente impostas aos homens reforçam a falta de autocuidado e a negligência de sua própria saúde física e mental.
Esse conceito de masculinidade, ou machismo, como é conhecido nas Américas, leva ao risco mulheres e crianças na forma de violência, infecções sexualmente transmissíveis e falta de responsabilidade compartilhada em casa; risco para outros homens, como acidentes, homicídios e outros tipos de violência; e risco para si mesmo, como suicídio, acidentes, alcoolismo e outros vícios.
Isso não apenas afeta a saúde dos próprios homens, mas também leva a resultados negativos para mulheres e crianças em termos de violência interpessoal, infecções sexualmente transmissíveis, gravidez imposta e paternidade ausência.
O relatório também destaca que a discriminação por idade, etnia, pobreza, estado laboral e sexualidade agravam ainda mais esses resultados negativos para a saúde dos homens.
Diferenças nas causas de mortes entre homens e mulheres
As diferenças na mortalidade de homens e mulheres nas Américas começam a surgir por volta dos 10 anos de idade e aumentam rapidamente a partir dos 15 anos, quando predominam causas violentas de morte, como homicídios, acidentes e suicídio.
Como resultado, a taxa de mortalidade de homens jovens é de quatro a sete vezes maior que a de mulheres jovens.
Embora os dados globais para algumas causas de morte – incluindo doença pulmonar obstrutiva crônica, infecções das vias respiratórias inferiores e diabetes, permaneçam semelhantes entre homens e mulheres, três das principais causas de morte mostram variações significativas entre homens e mulheres: homicídios (7:1 na proporção homem/mulher, o que significa que sete homens são mortos para cada mulher assassinada); lesões nas vias (3:1); e cirrose hepática causada pelo álcool, que é duas vezes maior entre os homens do que entre as mulheres.
A partir dos 50 anos, as doenças crônicas não transmissíveis começam a afetar desproporcionalmente os homens, que têm menor probabilidade de cuidarem de si mesmos ou procurarem atendimento médico precocemente.
Como resultado, embora haja mais meninos do que meninas nascidas no mundo (105 meninos para cada 100 meninas), esse número começa a se inverter entre as idades de 30 e 40 e, aos 80, há 190 mulheres para cada 100 homens, tendo em vista que os homens morrem mais jovens.
Avançando
Para abordar questões relacionadas à socialização masculina e alcançar a igualdade de gênero na saúde, mulheres e homens precisam de acesso a serviços de saúde que levem em consideração suas necessidades particulares.
O relatório pede aos países que implementem nove recomendações para ajudar a melhorar a saúde dos homens:
- Melhorar, sistematizar e disseminar dados sobre masculinidades e saúde;
- Desenvolver políticas públicas e programas de saúde para prevenir e resolver os principais problemas que afetam os homens ao longo da vida;
- Eliminar as barreiras que impedem que meninos e homens acessem cuidados de saúde;
- Desenvolver iniciativas intersetoriais que incorporem a saúde em todas as políticas, particularmente na educação;
- Promover práticas positivas de saúde existentes nas quais os homens já se envolvem;
- Garantir a participação de todas as comunidades (incluindo homens, mulheres e comunidades LGBTI+);
- Promover a capacitação em gênero e masculinidades para os trabalhadores do setor da saúde;
- Fortalecer os programas de prevenção e promoção da saúde voltados para crianças e jovens;
- Garantir que instituições, incluindo o setor da saúde, universidades e sociedade civil, se concentrem na prevenção do impacto e dos custos de masculinidades rígidas/tóxicas.
Clique aqui para acessar o relatório Masculinidades e saúde na região das Américas em inglês e em espanhol.
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