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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012



Dois de cinco irmãos da Bahia adotados por famílias da região vão para abrigo por ordem judicial

Gláucia Santinello 
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Foto: Leandro Ferreira/AAN.

Momento dolorido da separação

Um clima de comoção marcou a retirada de dois irmãos de uma das famílias da região que perderam a guarda provisória de cinco crianças que moravam em Monte Santo, na Bahia. 

A separação entre dois meninos, com 7 e 6 anos de idade, e a família adotiva aconteceu nesta segunda-feira (3), na Vara da Infância e Juventude, na Cidade Judiciária, em Campinas. 

A entrega das crianças, após cerca de um ano e seis meses, cumpre a decisão do juiz Luiz Roberto Cappio, que determinou o retorno delas à família de origem por encontrar erros no processo judicial que tirou os filhos dos pais baianos. 

Segundo a sentença, a retirada de todas as crianças — de casas em Campinas e Indaiatuba — e encaminhamento para o abrigo, onde irão encontrar a mãe biológica, deve ocorrer durante esta semana.

Os dois meninos foram os primeiros a serem levados para o abrigo da cidade de Poá, na Grande São Paulo, que foi indicado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República como local de readaptação. 

A mãe biológica dos cinco menores, Silvânia de Mota de Jesus, de 25 anos, chegou ao local na última sexta-feira (30), vinda da Bahia, e aguarda pelo reencontro dos filhos. 

Assustados e agarrados ao colo dos pais adotivos, a separação foi marcada por choro, tristeza e palavras de amor. O garoto mais novo não queria desgrudar do colo da mãe “provisória”. Emocionada, a mulher só conseguia falar que temia por possíveis agressões físicas na volta ao lar de origem.

“Será que eles serão machucados ou feridos?”, foi a frase mais dita pela mãe adotiva durante a separação. A irmã dela afirmou que esta preocupação se deve em razão de como a família encontrou as crianças. 

“Nós os encontramos muito magros; um deles tinha marcas de cigarro em uma das perninhas. O outro faz tratamento de ouvido por causa de inflamações mal curadas. Hoje eles estão saudáveis, fortes. São amáveis, muito educados e uns amores. O mais novo é muito grudado na minha irmã. Está muito difícil esta separação.” A mãe biológica nega maus-tratos e, na Bahia, a família dela já espera pelo retorno, como mostrou o Correio.

Nesta segunda, acompanharam também a entrega das crianças, a avó materna adotiva, outros tios paternos e maternos e cunhados. “Minha mãe (avó paterna adotiva) não quis vir, preferiu ficar rezando em casa. Há seis anos, o nosso pai morreu nesta mesma época. Está sendo novamente uma fase muito triste e difícil para a nossa família”, disse o irmão do pai adotivo.

A avó adotiva materna se dizia indignada. “É injusto nos chamarem de sequestradores de crianças.” A advogada da família, Lenora Panzetti, recorre da decisão e espera anular a revogação das guardas. Lenora informou que as famílias decidiram cumprir a decisão judicial, procurando a Vara da Infância pois se preocupam com o bem-estar das crianças. “As famílias optaram pelo que é correto e previsto na legislação para que a situação, que já é traumática, não ficasse pior”, disse Lenora.

ONG

No abrigo, que é uma organização não governamental de São Paulo, as crianças estão sob tutela judicial. De acordo com a decisão do juiz do Fórum de Monte Santo, o encaminhamento dos irmãos para o abrigo é para “acompanhamento psicossocial voltado, especialmente, à reestruturação dos vínculos e ao empoderamento da mãe biológica, pelo prazo mínimo de 15 dias, sob responsabilidade dos senhores gestores”. No abrigo, haverá a tentativa de reaproximação e será emitido um parecer sobre as condições desta aproximação.

“Não sei como será a posição do juiz em relação ao parecer que será emitido pelos gestores. O fato é que ele não pode ser ignorado. Espero que a Justiça seja feita e que o melhor interesse das crianças prevaleça”, afirmou Lenora.

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