'No carnaval pode mostrar, para dar leite não', diz Priscila, que foi vetada.
Ato aconteceu na tarde deste domingo em museu na zona Oeste de SP.
Letícia Mendes
Do G1, em São Paulo
Mulheres realizam mamaço no Museu da Imagem e do Som, em SP, na tarde deste domingo (16) (Foto: G1) |
Cerca de quarenta famílias se encontraram na tarde deste domingo (16) no Museu da Imagem e do Som, na zona Oeste de São Paulo, para promover um mamaço, em que as mulheres amamentam seus filhos em público. O ato foi organizado após a modelo Priscila Navarro Bueno, de 23 anos, ter sido repreendida, no dia 5 de fevereiro, por alguns funcionários do MIS por amamentar sua filha Julieta, de sete meses, enquanto visitava a exposição sobre David Bowie.
Segundo a modelo, uma segurança disse a ela que não era permitido amamentar no local. "Infelizmente a sociedade é ainda muito puritana. No carnaval a mulher pode mostrar o seio, mas para dar leite ao seu filho não. É um absurdo uma mulher ter que amamentar em uma sala escondida", declara Priscila ao G1.
Representantes da ONG Matrice, da Buxixo de Mães e da Casa da Borboleta, espaço de apoio ao parto humanizado e à maternidade ativa da zona Leste de SP, também estavam presentes no mamaço. "Amamentar é o meu direito, tira o olho do meu peito", cantavam as mães e ativistas.
Camila Salmazio, assessora da Casa da Borboleta e mãe de Benjamin, de três anos, diz que ainda "acontecerão muitos mamaços até que as pessoas parem de olhar a mulher apenas como um símbolo sexual". "Esse encontro é para refletirmos sobre esse tabu. Não aguentamos mais olhares de reprovação por amamentar em público. Uma vez, no metrô, uma mulher pediu para eu me cobrir com uma toalhinha", conta.
"Todas as mulheres aqui já foram olhadas de canto de olho. Poucas mulheres amamentam, e são muito poucas ainda as que amamentam em público. É importante encorajá-las, com o apoio da sociedade e dos médicos", diz a produtora cultural Flora Assumpção, de 31 anos, que levou seu filho de um ano e um mês ao mamaço.
A assessoria de imprensa do MIS divulgou um comunicado em que se desculpa pelo ocorrido e afirma que "mães que visitam o museu têm total liberdade de amamentar seus filhos no espaço expositivo". "Essa política já foi reforçada com seus funcionários", diz o texto.
Outros mamaços
Em novembro do ano passado, a turismóloga Geovana Cleres também foi repreendida ao amamentar sua filha Sofia no Sesc Belenzinho, na zona Leste de SP. Um ato foi promovido no local e reuniu cerca de trinta mães.
“Eles alegaram que ela poderia constranger adultos e outras crianças que estivessem no local. Nós temos outras mães que receberam a mesma orientação em diferentes unidades do Sesc”, afirmou Reila Miranda, fundadora da Casa da Borboleta, na ocasião. O Sesc logo comunicou que os funcionários seriam orientados a não abordarem mais as mães.
Em maio de 2011, um grupo de mães também se mobilizou por meio de redes sociais na internet para realizar um mamaço no Itaú Cultural da Avenida Paulista. A motivação do encontro surgiu após a antropóloga Marina Barão, 29 anos, ser proibida de amamentar um dos dois filhos [Francisco, 3 meses, e Antonio, 2 anos] em uma exposição de arte no espaço cultural, em março daquele ano. A funcionária também havia alegado que era norma da instituição não permitir que pessoas se alimentassem no espaço.
De acordo com a assessora da Casa da Borboleta, o vereador Aurélio Nomura, do PSDB, está com um projeto de lei em tramitação que prevê multa de R$ 500 para qualquer estabelecimento da capital paulista que proibir ou constranger uma mãe durante a amamentação.
Mulheres realizam mamaço no Museu da Imagem e do Som, em SP, na tarde deste domingo (16) (Foto: G1) |
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