- Marina Oliveira e Rita Trevisan
- Do UOL, em São Paulo
Encontrar alguém que o compreenda, que lhe desperte confiança e não lhe cause receio de se mostrar por inteiro, com todos os defeitos que tem, é o primeiro passo para a construção de um bom relacionamento, com uma convivência harmoniosa. Mas isso não basta para garantir que o romance não se tornará uma verdadeira montanha-russa. É preciso paciência para lidar com conflitos que, inevitavelmente, aparecerão no decorrer da vida a dois, não importa o quão perfeito seja (ou pareça) o par.
"Toda relação tem seus altos e baixos, porque as pessoas mudam, e as situações também. Só tem paz o casal que se dispõe a resolver os problemas à medida em que eles vão aparecendo", afirma a psicóloga Miriam Barros, terapeuta de casal e psicodramatista pela SOPSP-PUCSP (Sociedade de Psicodrama de São Paulo - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Na prática, o sossego no namoro ou no casamento é a recompensa que se recebe por estar sempre aberto ao diálogo franco com o par. "Desavenças maduras são caminhos para fazer a relação crescer. As pessoas não são iguais e precisam de um convívio intenso, com expressão verdadeira de emoções e comportamentos, para que um possa aprender quais são os limites do outro", diz a psicóloga Graziela Baron Vanni, coautora do livro "Amor, Ciúme e Infidelidade" (Editora Letras do Brasil).
Quem expõe suas opiniões e reage quando se sente desrespeitado está aprimorando a relação. "Eu posso pensar diferente e dizer isso ao meu parceiro. Não devemos temer nos mostrar, porque a convivência serve, justamente, para descobrirmos se o outro é a pessoa com quem queremos dividir a nossa vida ou não", diz a psicóloga Kathya Mutti, coordenadora do departamento de psicodrama do Instituto Sedes Sapientiae.
Em nome da calmaria, alguns casais adiam conversas para esclarecer situações que incomodam. E, segundo os especialistas, quando aparece o receio de conversar com o par, a relação começa a caminhar para a desordem. "Não adianta acumular mágoas, pois uma hora um dos dois vai extravasar isso, provocando uma briga repentina e, na maioria das vezes, com reações exageradas", explica Miriam Barros.
Valorizando as diferenças
Relações tranquilas também são frutos de parcerias maduras no campo emocional, quando duas pessoas que já resolveram individualmente suas experiências positivas e negativas se encontram. "Existem muitas pessoas que querem tratar traumas de infância ou fracassos afetivos no momento em que iniciam um romance. Mas isso é um erro. Só os que já estão bem resolvidos com o seu passado conseguem tornar leves os seus relacionamentos do presente", diz Graziela Baron Vanni.
Quem busca um relacionamento estável e satisfatório também precisa aprender a lidar melhor com as idealizações. "Veja o par como uma pessoa com quem você pode aprender sobre a vida, as coisas, as pessoas e até sobre si mesmo. Na relação, podemos aprender mais sobre os nossos limites na convivência, podemos exercitar nossa capacidade de escutar e a tolerância, por exemplo", explica a psicóloga Kathya Mutti.
Quem busca um relacionamento estável e satisfatório também precisa aprender a lidar melhor com as idealizações. "Veja o par como uma pessoa com quem você pode aprender sobre a vida, as coisas, as pessoas e até sobre si mesmo. Na relação, podemos aprender mais sobre os nossos limites na convivência, podemos exercitar nossa capacidade de escutar e a tolerância, por exemplo", explica a psicóloga Kathya Mutti.
Enxergar e aceitar o outro como ele é realmente, além de tornar a relação mais surpreendente, é a chave para a tranquilidade no amor. "Ao ver sempre as coisas de uma forma idealizada, durmo e acordo com a certeza de que não preciso cultivar nada no outro. Isso não é tranquilidade, é um grande perigo, porque se algo inesperado acontecer, a relação poderá ruir rapidamente. Só uma relação construída com base nas diferenças e semelhanças é capaz de seguir adiante", declara a psicóloga.
Em resumo, a tranquilidade do romance não precisa estar alicerçada na perfeita comunhão de desejos e interesses, segundo Kathya. "Mais importante do que é isso é que ambos vivam no presente uma verdade que eles construíram juntos, com respeito e liberdade de sentir e pensar", diz.
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