No continente, a média é de cinco filhos por mulher. Apesar do crescimento econômico, países enfrentam outras dificuldades que influenciam na taxa de natalidade
Em boa parte do mundo em desenvolvimento, a queda da natalidade é uma força silenciosa, quase secreta, que tem contribuído para a melhoria da vida das pessoas. No mundo, as mulheres tem, em média, dois filhos enquanto na África, esse número sobe para cinco.
Uma vez que é mais fácil educar duas em vez de cinco pessoas, taxas de natalidade mais baixas andam de mãos dadas com maior poder de compra na geração seguinte. Com menos crianças dependentes, os países experimentam situações nas quais os adultos em idade economicamente ativa representam uma parcela desproporcional da população. Isso torna possível a ocorrência de um “bônus demográfico” de alto crescimento e renda ascendente.
Mas uma parte do mundo está ficando fora do bônus: a faixa da África que fica ao sul do Saara e ao norte da Namíbia e Botsuana. Embora essa região esteja crescendo em termos econômicos, os países que a compõe não vêem a taxa de
natalidade cair, como aconteceu no leste asiático e a América Latina quando essas regiões se encontravam em níveis de desenvolvimento similares.
Em alguns países africanos, tal como Níger, a natalidade permanece altíssima; em outros, como Gana e Tanzânia, a natalidade começou a cair e depois parou. Com a natalidade, pequenas variações se acumulam e fazem uma grande diferença ao longo do tempo. Em 1970 havia 360 milhões de africanos, os quais representavam um décimo da população mundial. Caso a natalidade caia mais ou menos como no período de 1970 a 2000 na Ásia, haverá 2,1 bilhões de africanos em 2050. Caso continue em sua trajetória atual, haverá 2,7 bilhões - um quarto da população mundial de então. Ou seja, a população da África quase triplicará em 40 anos.
Há muitas explicações possíveis para a permanência das altas taxas de natalidade na África. A África é menos densamente povoada que a Ásia, e seus grandes espaços abertos podem induzir as sociedades a sentirem que precisam ter muitos filhos para defenderem seus territórios de diversos rivais. Ademais, na maioria dos países em desenvolvimento, 60% das mulheres em idade fértil têm acesso a métodos contraceptivos modernos. Em grande parte da África essa taxa é de 20%.
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