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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Basquete para todos: a inclusão social por meio do esporte

Entrevista com a medalhista olímpica de basquete Magic Paula.
23 Agosto 2016


do PNUD


Quando tinha apenas 10 anos de idade, Maria Paula Gonçalves da Silva começou a jogar basquete no interior de São Paulo. Adotando o nome de Magic Paula, a jogadora conquistou a medalha de ouro nos Jogos Panamericanos de Havana em 1991 e prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. 

Vinte anos depois, Paula, já fora das quadras, é comentarista olímpica dos canais ESPN e idealizadora do Instituto Passe de Mágica, criado em 2004 com o objetivo de desenvolver atividades de esporte educacional e oferecer a prática lúdica do basquete e de diversas atividades complementares a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. A organização é uma das 81 instituições que formam a Rede Esporte pela Mudança Social (REMS), fundada com o apoio do PNUD, e que fomenta o esporte como fator de desenvolvimento humano.

Em entrevista exclusiva ao PNUD, logo depois da maratona dos Jogos Olímpicos pela ESPN, Paula contou como surgiu o Instituto e qual é a importância do esporte e das atividades físicas para a inclusão e o desenvolvimento social.

Você acredita que o esporte pode ser um fator de inclusão social?

Ah, eu não tenho dúvidas! Acho que a gente ainda não descobriu isso no Brasil.  O Brasil ainda está muito longe de se atentar a esse detalhe. A gente vê que o esporte é desgarrado da educação ainda. Porque o esporte acabou ficando marginalizado em relação à educação. Hoje um atleta de talento acaba optando por deixar os estudos. Acho que a gente perde muito com isso. Então, eu vejo o esporte como uma ferramenta sensacional para mudança de comportamento, até porque o esporte faz a gente sonhar muito. Faz com que a gente busque ideias que às vezes a gente desconhece.
E vocês passam essa mensagem no Instituto?

A gente trabalha muito a questão da autonomia, do empoderamento dessa molecada. Então acho que tem que ensinar para eles, e eles devem, cada um, seguir seu caminho. A gente trabalha muito com essa questão do que o esporte, do que a atividade em si, pode fazer na vida de cada um, e ir buscando refletir dentro dele essa questão de dar essa autonomia e falar: “Agora vocês vão daqui para frente, vocês vão atrás do que vocês querem”. 

Como você levou o esporte para esse viés de inclusão?

Quando eu ainda era jogadora, eu ficava pensando o que eu poderia devolver para a sociedade de tudo o que o esporte me agregou. Eu queria fazer alguma coisa, confesso que muito empírico, era mesmo um sonho de fazer alguma coisa para as crianças. E eu não sabia como. Comecei a me fazer algumas perguntas como:  o que o esporte foi na minha vida? Além de jogar para o Brasil, viver profissionalmente dele, conquistar uma Olimpíada, ganhar títulos... Ele foi muito importante para meu crescimento como pessoa. O foco que a gente acaba usando aqui no Instituto foi porque nessa trajetória eu convivi com muitas meninas, e poucas tiveram a chance de ser campeãs do mundo, ganhar medalha olímpica, e eu tenho certeza de que o esporte agregou valores para o futuro, a escolha que elas viessem a fazer. 
Acho que o que eu carrego até hoje são esses valores que eu aprendi desde pequena: conviver em grupo, respeitar regras de hierarquia, viver com a chance de ganhar e perder. Eu acho que o esporte agregou muita coisa para minha vida como pessoa. Então a gente acabou, como instituto, trabalhando o basquete para todos, de forma lúdica, tentando de uma maneira natural mesmo colocar os valores na vida da molecada.

Hoje em dia, qual você acredita ser o maior desafio para a percepção do esporte como instrumento de inclusão social no Brasil?

É muito difícil porque, pelo menos no Instituto, a gente trabalha praticamente 100% com Lei de Incentivo. Há 12 anos, estamos nessa estrada. e a gente está agora focando na questão da captação de recursos, porque precisamos também ter autonomia para trabalhar.

Você acredita que, no esporte, a questão de igualdade de gênero ainda é uma batalha muito grande?

Acho que as coisas vão evoluindo, e elas evoluem de uma forma, às vezes, que não é do jeito que a gente gostaria. Acho que a questão do esporte é muito exacerbada. Quantas mulheres também não estão no mercado de trabalho, fazendo outras coisas, em outras funções, buscando um lugar ao sol e não têm essa visibilidade às vezes que as mulheres têm, fazendo esporte? Então, eu acredito que essa geração possa ser uma geração que fortaleça a questão do apoio ao esporte feminino, de quebrar certos tabus. Eu comecei no esporte há 40 anos, é claro que existia um preconceito, mas o mercado sempre foi de muito apoio para fazer esporte. Acho que é uma questão cultural, e a gente tem que conviver com essa evolução, talvez não no ritmo que a gente quer, mas no ritmo em que as mulheres sintam seu espaço como mulheres e que estão sendo empoderadas e dizendo que elas podem sim fazer as coisas que os homens fazem.

PNUD

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