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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Universitária sofre trombose cerebral depois de tomar pílula. Conheça os riscos



O relato da estudante de 22 anos viralizou nas redes sociais. Quantos outros casos serão necessários para que os médicos respeitem os critérios da OMS antes de receitá-la?

CRISTIANE SEGATTO
03/08/2016
Banner Coluna Dois Minutos (Foto: Época)
Aconteceu de novo. Agora com a universitária Juliana Pinatti Bardella, de Botucatu, no interior de São Paulo. A estudante de 22 anos sofreu uma trombose venosa cerebral. Passou 15 dias internada – três deles na UTI. Segundo os médicos que a atenderam na capital, o problema pode ter sido causado pela pílula anticoncepcional Yaz, fabricada pela Bayer.
desabafo postado por Juliana no Facebook viralizou. Já recebeu mais de 144 mil curtidas e foi compartilhado 43 mil vezes. No texto, ela conta que procurou um hospital em Botucatu com fortes dores de cabeça. A médica diagnosticou enxaqueca e não pediu exames neurológicos, apesar da insistência da paciente.
"Era sexta-feira, dois dias após ter ido ao hospital. Acordei pela manhã para ir à aula, quando fui levantar da cama minha perna direita não respondeu ao meu comando, mas com algum esforço levantei. Escovando os dentes, percebi que minha mão direita também não estava normal. Tentei me vestir, sem sucesso. Aquilo estava muito estranho, então não fui à aula e resolvi esperar passar. Não passou", escreveu no post.
Juliana Bardella que trombose cerebral após uso de pílula (Foto: Reprodução)
Com dificuldades de visão, dores de cabeça intensas e confusa (sem saber sequer usar o banheiro), ela foi trazida para um hospital na capital. Felizmente, não sofreu sequelas graves. Milhares de vítimas de anticoncepcionais no Brasil não tiveram a mesma sorte, como ÉPOCA revelou numa reportagem de capa em março de 2015.
"Foi um choque, não consegui entender bem o que estava acontecendo, o médico me perguntou se eu tomava anticoncepcional, eu disse que sim, há cinco anos, e então ele disse que essa poderia ser a causa do problema. Cinco anos de Yaz, três ginecologistas diferentes, e nenhum me alertou sobre a trombose, mesmo perguntando a respeito, nenhum falou que seria um risco. Não tenho histórico familiar, não sou fumante e os exames de sangue estavam normais, não tinha predisposição a ter trombose.”
Quando os médicos subestimam os riscos conhecidos das pílulas (em especial os das compostas de drospirenona) e sonegam informação às pacientes, eles roubam delas o direito de decidir sobre o próprio corpo. Isso precisa acabar.
Os ginecologistas tendem a minimizar os efeitos adversos das pílulas. Postura bem mais cautelosa é adotada pelos neurologistas. São eles que entram em ação no momento das tragédias, quase sempre marcadas por sequelas e mortes.    
Depoimentos públicos como o de Juliana são importantes. Não se trata de fazer campanha contra a pílula. Isso seria uma insanidade num país onde, todos os anos, 13 milhões de adolescentes se tornam mães. E 30% delas engravidam novamente no primeiro ano após o parto.
 O controle sobre quando e como ter filhos é uma conquista que permitiu às mulheres assumir novos papéis na sociedade. Isso não significa que elas devam arriscar a vida por ignorar os riscos das diferentes formas de contracepção.
Até o final de 2014, a Bayer havia pagado US$ 1,7 bilhão para liquidar 8.200 ações movidas por pacientes e familiares na Justiça americana. Depois de muita discussão, as autoridades sanitárias dos Estados Unidos e da Europa concluíram que os benefícios das pílulas à base de drospirenona superam os riscos. Não era o caso de retirá-las do mercado, mas as agências exigiram que os fabricantes incluíssem nas bulas alertas mais claros e enfáticos.
Embora as bulas brasileiras mencionem os riscos, as tragédias persistem. Prova disso são os mais de 8 mil relatos recebidos pela página Vítimas de Anticoncepcionais no Facebook.
ÉPOCA preparou um guia para ajudar as mulheres a tomar decisões mais seguras. Ele é baseado nas orientações da Organização Mundial da Saúde, entre outras fontes. Se todos os ginecologistas seguissem esses critérios antes de receitar anticoncepcionais, casos como o de Juliana seriam realmente raros.
artepilulaV2 (Foto: artepilulaV2)

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