Em pleno ano de 2016 e muita gente ainda não entendeu que aborto é uma questão de saúde pública muito antes de ser uma questão política ou religiosa. Alguns setores da sociedade brasileiras e irlandesas, por exemplo, fazem parte deste grupo.
Por isso, no último fim de semana, duas jovens irlandesas criaram uma conta no Twitter para narrarem o caminho até a Grã-Bretanha para que uma delas fizesse legalmente e com segurança o procedimento. Segundo o site The Guardian, estima-se que 10 mulheres deixem diariamente a Irlanda para interromper a gravidez em outros países da Europa.
A conta @TwoWomenTravel, descrita como “duas mulheres, um procedimento, 48 horas longe de casa”, chegou a mais de 25,7 mil seguidores. Entre eles, várias personalidades que fizeram questão de dar apoio às jovens. Como, por exemplo, o apresentador britânico James Corden e a atriz Tara Flynn. O próprio Ministro da Saúde da Irlanda, Simon Harris, agradeceu por elas dividirem esta história que faz parte da realidade de tantas outras meninas no mundo todo.
Os tweets começaram a ser postados no sábado pela manhã ainda no aeroporto de Dublin, capital da Irlanda, e o último foi publicado na tarde de domingo. Entre eles, elas mostraram a sala de espera da clínica, o hotel que se hospedaram e outros detalhes dolorosos do procedimento. Todo o momento, os tweets são direcionados a Enda Kenny, primeiro-ministro do país, líder de um governo conservador e principal voz que defende a manutenção do aborto como um crime.
Entre as mensagens, elas afirmam que o político as obrigou a “cair na estrada” e comentam: “de novo, em mais uma sala de espera e, se não fosse por @EndaKennyTD, estaríamos em casa à noite junto de quem amamos”. Em outros posts, elas comentam sobre a exaustão do procedimento e a dificuldade de voltar para casa sangrando e sentindo dores. Por fim, agradecem o apoio dos seguidores e completam: “com isso, mostramos nossa solidariedade a todas as mulheres exiladas por @EndaKennyTD e seus defensores”.
Na Irlanda, realizar um aborto pode dar até 14 anos de prisão. Em movimentos de resistência e campanhas sociais contra a lei, algumas mulheres vão a delegacias do país dizendo terem tomado remédio para interromperem a gravidez e pedem para serem processadas.
No Brasil, o aborto também é criminalizado na maioria dos casos. E, a falta de apoio médico e psicológico às mulheres foi a causa de 65 mil mortes de brasileiras somente em 2013, segundo a ONU, causadas por complicações ao interromper de forma clandestina e sem assistência uma gravidez.
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